As taxas de juros do crédito imobiliário devem permanecer estáveis no curto prazo, após as rodadas recentes de cortes realizadas pelos bancos privados e públicos, somada ao avanço das taxas de juros no mercado futuro, de acordo com estimativa do presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu.
"Com a curva futura de juros subindo, os bancos tendem a segurar um pouco a taxa de juros (do crédito imobiliário). Já tínhamos essa visão antes, e a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), de manter a Selic em 6,5% ao ano, reforçou", disse há pouco, em entrevista ao Broadcast antes de participar de evento organizado pela associação.
Duarte observou que as rodadas de queda dos juros dos financiamentos - que caíram de um patamar de 10% ao ano em 2017 para o piso de 8,8% ao ano em 2018 - mostram que a competição entre os bancos já está acontecendo, situação que vale tanto para pessoa físicas como jurídicas. "A dança das cadeiras no market share mês a mês é excelente e mostra que a competição está acontecendo", frisou.
Ele acrescentou que o movimento de redução de juros feito pela Caixa estimulou os bancos privados a cortarem mais as taxas. Lembrou ainda que a recente redução servirá de combustível para o segmento, uma vez que, a cada corte de um ponto porcentual na taxa do financiamento, o valor da parcela paga pelos consumidores cai entre 10% e 12%. "Com o Juro de um dígito e condições melhores no créditoimobiliário, esperamos que o setor ande. A prestação, neste cenário, fica parecida com o valor do aluguel. Há uma mudança de expectativas no cenário, mas ainda de maneira lenta", afirmou Duarte.
Segundo Duarte, já é possível notar as primeiras reações como, por exemplo, o aumento do preço dos imóveis em São Paulo. Dentre os destaques, o presidente da Abecip citou ainda a Região do Centro-Oeste. Em contrapartida, conforme ele, há praças em outro ritmo como no Rio de Janeiro, onde a retomada do crédito imobiliário se dará de forma mais lenta. "O mercado lá está parado. Tivemos queda de preços no mês passado, refletindo a situação de crise tanto no setor privado como no público", acrescentou Duarte.
Um dos pontos que inibem uma reação mais pujante do mercado hoje, conforme ele, é a demanda ainda contida por crédito imobiliário, uma vez que os compradores de imóveis seguem conservadores para assumirem uma dívida de longo prazo. "Corremos o risco de sobrar dinheiro no fim do ano, com mais apetite dos bancos para emprestar do que clientes para tomar crédito", disse.
O presidente da Abecip ainda reiterou a projeção de crescimento de 10% no volume de concessão de crédito em 2018 em comparação com 2017. No primeiro trimestre desde ano, os financiamentos atingiram R$ 11,9 bilhões, alta de 11,2% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da associação. (Aline Bronzati, Circe Bonatelli e Francisco Carlos)