São Paulo - O setor de construção e de incorporação de imóveis ainda pode ser palco de mais pedidos de recuperações judiciais neste ano, de acordo com o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu. "Incorporadoras estão com dificuldade. As companhias que estão endividadas, com estoques e não estão conseguindo ter vendas líquidas, conseguem segurar essa realidade só por mais um tempo", explicou ele, em coletiva de imprensa, nesta manhã.
De acordo com Abreu, o cenário fica ainda mais complicado quando a construtora tem dívida corporativa. Ele disse que o ano de 2017 não será tão diferente para empresas que enfrentam dificuldades em seus balanços. "Desde 2014, 2015, algumas companhias já estavam com seus balanços comprometidos. 2017 não será diferente do que foi 2016, mas os bancos estão trabalhando junto a dívidas de incorporadoras ou quem está passando por uma recuperação judicial", acrescentou.
O presidente da Abecip ponderou, porém, que o mercado já pratica juros mais baixos como reflexo da Selic, o que tende a beneficiar o setor imobiliário. Segundo ele, as taxas para o crédito imobiliário já caíram cerca de 1 ponto porcentual desde que os juros começaram a cair.
Sobre a letra garantida imobiliária (LIG), ele disse que a Abecip e o mercado já fizeram a lição de casa e que aguardam a regulamentação por parte do Banco Central. Ele não precisou, contudo, um prazo para a divulgação. No entanto, destacou para a necessidade de uma maior redução dos juros. "Mesmo com a regulamentação, com os juros atuais não teremos a LIG florescendo. Mas, no final de 2017, caso os juros caiam para 9,5%, será bastante interessante", afirmou Abreu, acrescentando que a queda dos juros permitirá que a LIG, similar aos covered bonds, seja um instrumento não apenas local, mas também de captação externa.