ABECIP na mídia

02/04/2018

Bancos rivais da Caixa reduzem juros do financiamento imobiliário

Os juros mais altos cobrados pela Caixa fizeram o banco a iniciar o ano concedendo menos crédito que os seus concorrentes. Ainda assim, o banco é o líder de mercado, com 65% dos financiamentos imobiliários do país.

Financiar um imóvel começa a ficar mais barato. Isso porque uma disputa entre bancos por esse mercado levou à redução das taxas de juros cobradas para a concessão de crédito imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Atualmente, dos cinco principais bancos do país – Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander -, apenas a Caixa ainda tem taxa de financiamento acima de 10%. No entanto, a instituição garante que já estuda a diminuição da taxa de juros do financiamento imobiliário com recursos da poupança. A previsão é que o anúncio das novas taxas seja feito nas próximas semanas pelo banco.

O movimento de redução das taxas foi iniciado pelo Santander em meados do ano passado e já surtiu efeitos. “No primeiro semestre do ano passado, a concessão de crédito imobiliário para pessoa física girava em torno de 300 milhões de reaos por mês. Em janeiro deste ano foram quase 774,73 milhões de reais”, diz o superintendente executivo de negócios imobiliários do Santander, Fabrizio Ianelli.

Os juros mais altos cobrados pela Caixa fizeram o banco a iniciar o ano concedendo menos crédito que os seus concorrentes. Ainda assim, o banco é o líder de mercado, com 65% dos financiamentos imobiliários do país. Em janeiro, último dado disponível pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o Santander liderou o ranking de desembolsos para a aquisição de imóveis com recursos da poupança, seguido, por Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa e Banco do Brasil.

Em relação aos juros, a menor taxa de entrada hoje é a do Bradesco (9,3% ao ano). Na sequência está o Santander, com 9,49%; Banco do Brasil e Itaú têm taxas de 9,7%; e Caixa, com 10,25%, conforme levantamento da empresa MelhorTaxa.

“Como se tratam de juros compostos e um período longo de financiamento, chegando a 35 anos, qualquer variação tem uma grande diferença no custo final do financiamento”, diz o presidente da Abecip, Gilberto Duarte de Abreu Filho.

Pequenas diferenças nas taxas de juros podem representar uma boa economia ao final do financiamento. Simulação da MelhorTaxa mostra que em um financiamento de 300 mil reais, em 30 anos, pode ter uma diferença de 52.833,36 reais, considerando as taxas praticadas atualmente pelo Bradesco e Caixa, bancos que cobram o menor e maior juros. Na Caixa, o custo seria de 789.325,40  reais e no Bradesco, 736.492,04 reais. A simulação soma de todas as parcelas, sem considerar a adição da Taxa Referencial, praticada pelo mercado.

O presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Flavio Amary, destaca que a redução dos juros do financiamento imobiliário tem dois aspectos importantes para o setor. Um é que diminui muito o custo para quem pretende comprar um imóvel financiado. Segundo que, com juros menores, quem tem dinheiro aplicado tem rentabilidade mais baixa e olha para o mercado imobiliário como uma forma de diversificação do investimento.

Fique Atento - O professor de finanças e sócio da MelhorTaxa, Rafael Sasso, alerta que, apesar de importante, a taxa de juros não deve ser o único ponto considerado pelo mutuário ao escolher o seu financiamento imobiliário. “O consumidor tem que ficar atento porque, mesmo com juros aparentemente baixos, o CET (Custo Efetivo Total) pode ser alto, porque há outros custos embutidos que podem elevar muito o valor do financiamento”, alerta.

Vale destacar que o financiamento de imóveis com recursos do SBPE despencou nos últimos quatro anos. Depois de atingir de 81 bilhões de reais de crédito para a aquisição de imóveis em 2014, o setor viu a liberação de financiamentos cair para 34 bilhões de reais no ano passado, reflexo da crise financeira que levou ao aumento do desemprego, mas também da alta taxa de juros cobrada nos parcelamentos. Pelo menos no que diz respeito aos juros, aos poucos as instituições financeiras estão reduzindo as taxas cobradas.

FONTE: VEJA