ABECIP na mídia

23/05/2018

BC vê condições de crédito imobiliário no país ir de 9,5% a 20% do PIB

Reinaldo Le Grazie, afirmou que o Brasil tem condições de aumentar dos atuais 9,5% para cerca de 20% a relação entre crédito imobiliário e PIB, em linha com o patamar de outros países

O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Reinaldo Le Grazie, afirmou que o Brasil tem condições de aumentar dos atuais 9,5% para cerca de 20% a relação entre crédito imobiliário e PIB, em linha com o patamar de outros países.

"Isso passa por buscar ambiente moderno, com alternativas de securitização e funding, que permitam uma atualização do mercado", disse, em apresentação durante seminário promovido pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Segundo Le Grazie, há um grande alinhamento entre BC e indústria na disposição de fazer mudanças.

Le Grazie afirmou que o BC está trabalhando para modernizar e reduzir o custo de crédito, e ressaltou que os spreads estão caindo desde a segunda metade de 2016. Esse comportamento se nota tanto nas operações com famílias quanto nos empréstimos a empresas -- embora, neste caso, a diminuição dependa um pouco do porte da companhia.

Segundo o diretor do BC, nos primeiros seis a 12 meses do ciclo de queda da Selic, houve dúvidas sobre a redução do custo de crédito. "Agora não há dúvidas de que volumes e taxas estão alinhados com ciclos expansionistas anteriores", disse. "Há competição nos produtos."

Le Grazie também destacou que o mercado de crédito imobiliário cresceu muito nos últimos anos com o impulso de mudanças como alienação fiduciária e patrimônio de afetação.

Le Grazie listou uma série de medidas da agenda BC+, como duplicatas eletrônicas, cadastro positivo e mudanças no mercado de meios de pagamentos, para avançar na queda do custo de crédito. De acordo com ele, a redução e a simplificação das alíquotas de compulsório, especialmente na poupança, ampliam os recursos disponíveis para o crédito imobiliário. "Agora, há uma agenda de redução estrutural do volume de compulsórios. Ela vai seguir uma trilha que depende de outras condições", disse.

O diretor afirmou que os juros e os spreads estão em queda, refletindo um cenário macroeconômico que permite isso, mas também por causa dessas medidas miroeconômicas. "A estabilidade econômica e a modernização do mercado de crédito permitirão atender melhor demanda por crédito", afirmou.

Segundo ele, a captação de recursos por meio das letras imobiliárias garantidas (LIG) vai permitir redução de inadimplência, garantias mais fortes e funding mais abundante, longo e barato.

Le Grazie destacou ainda que a criação de registradoras eletrônicas levará a uma grande mudança no mercado de crédito brasileiro, impedindo que uma garantia seja usada em mais de uma operação. "Será uma grande evolução, se não for uma revolução", disse.

FONTE: VALOR ECONôMICO