O aumento da procura de empréstimos por construtoras e incorporadoras em 2018 é fato relevante para o mercado de imóveis, mostrando maior confiança dos empresários na retomada do setor. Entre 2017 e 2018, o volume de crédito à construção com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) subiu 43%, de R$ 9,2 bilhões para R$ 13,1 bilhões. Numa comparação histórica, o valor ainda é inferior ao nível de R$ 30 bilhões verificado nos anos de 2011, 2013 e 2014, mas a tendência de crescimento após um biênio fraco (2016 e 2017) não deve ser ignorada.
Em alguns Estados, como Mato Grosso do Sul, Bahia, Maranhão e Acre, além do Distrito Federal, o avanço dos empréstimos à construção entre 2017 e 2018 oscilou entre 127% e 483%. Ainda mais importante foi o crescimento superior a 50% registrado nos Estados onde o mercado é mais dinâmico (São Paulo, Paraná e Santa Catarina) e de 26% em Minas Gerais, apurado em levantamento da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
O volume total de crédito à aquisição e à construção com recursos das cadernetas de poupança do SBPE atingiu R$ 6 bilhões em dezembro, melhor resultado em 44 meses, e R$ 57,4 bilhões em 2018, alta de 33% em relação a 2017. Dezembro influenciou muito os resultados de 2018: foram financiados 23,4 mil imóveis nas modalidades de aquisição e construção, 18,5% acima de novembro e 60,9% mais do que em dezembro de 2017.
Cresce a percepção de que o mercado de imóveis começa a sair do fundo do poço, após uma diminuição real de 25% nos preços das residências entre 2014 e 2018, segundo o Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial (IGMI-R), produzido pela Abecip e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A variação nominal média do indicador, apurado em oito capitais do País, foi positiva em 0,6% em 2018.
O aumento da demanda de crédito pelas grandes construtoras antecipa a recuperação depois de a atividade de incorporação ter sido muito atingida pela crise econômica. Em algumas capitais, como São Paulo, já se nota redução do estoque de imóveis prontos. Se a oferta for insatisfatória, os preços tenderão a se recuperar. Felizmente, as incorporadoras parecem estar vacinadas contra a euforia que dominou o mercado na década passada, deixando sequelas.