ABECIP na mídia

08/02/2018

Crédito imobiliário não segue a redução da Selic

O CET é o termômetro para a escolha do financiamento, porque, além da taxa de juros, inclui todos os encargos da operação, como seguros e custos contratuais.

O tomador de empréstimo para a compra do imóvel pelo SFH (Sistema Financeiro de Habitação), que usa recursos da poupança, continua encontrando um CET (custo efetivo total) do crédito em dois dígitos na maioria dos principais bancos do país.

O CET é o termômetro para a escolha do financiamento, porque, além da taxa de juros, inclui todos os encargos da operação, como seguros e custos contratuais.

Compradores poderiam supor que a queda vertiginosa da Selic, a taxa básica de juros do Brasil, ao longo do ano passado seria acompanhada de uma redução igualmente significativa nos juros do financiamento imobiliário, mas não foi o que aconteceu.

Até houve certo alívio. A taxa média de juros para crédito habitacional no mercado passou de 15,4% em dezembro de 2016 para 11% em 2017, segundo o Banco Central. A Selic do período, porém, caiu quase pela metade, de 13,75% ao ano para 7%, chegando a 6,75% nesta quarta (7).

Os bancos atribuem o ritmo mais lento na queda das taxas imobiliárias às dificuldades de captação da poupança e aos juros futuros.

Embora tenha fechado 2017 com captação líquida de R$ 17,13 bilhões, maior saldo positivo desde 2014, a poupança patinou durante o ano.

Além disso, Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Abecip (associação das entidades de crédito imobiliário), explica que "quando os bancos emprestam a dez anos, que é o tempo médio que o financiamento costuma ficar em suas carteiras, eles precisam ver o custo do dinheiro em dez anos".

E contratos para 2028 estão com taxas de 10,2% ao ano. "Existe uma diferença de taxa de curto e longo prazo devido a riscos políticos e fiscais associados às reformas e à eleição", diz Marink Martins, da corretora Icap.

Cenários - Fabrízio  Ianelli, superintendente executivo de negócios imobiliários do Santander, diz ver sinais de reação na poupança. "Se ela voltar com força e a curva de juros futuros começar a baixar, isso pode estimular uma redução nas taxas", afirma.

Para Abreu Filho, se a reforma da Previdência passar, as taxas futuras caem no dia seguinte. "Se não acontecer neste ano, podem subir."

Ainda que não exerce influência total nos juros imobiliários, a queda da Selic é um bom sinal para o mercado, avalia Leandro José Diniz, diretor de empréstimos e financiamentos do Bradesco. "O desemprego, que parou de aumentar, e a redução da Selic sugerem que as famílias podem ter maior capacidade financeira", diz.

Adiar muito o empréstimo na espera de quedas bruscas nas taxas, porém, pode não funcionar. "Ainda que elas possam cair, deve haver certo embaraço conforme a eleição se aproxima. Para quem pensa sobre o assunto hoje, até maio pode ser melhor para decidir", diz o planejador financeiro Marcelo Milech.

 

 

 

FONTE: FOLHA DE S. PAULO