ABECIP na mídia

27/01/2016

Crédito imobiliário tende a encolher em 2016

A Abecip trabalha num novo indicador de preços de imóveis que levará em consideração características dos bens hoje não abarcadas pelos indicadores do mercado. "Temos informações de financiamentos, da análise de crédito dos bancos. Vamos equalizar pelo tamanho do imóvel, região número de quartos etc. E vamos ter uma visibilidade muito melhor do que está acontecendo", comentou Abreu.

Aline Oyamada

O consumidor segue pouco propenso a adquirir imóveis e a liberação de crédito para financiamento à compra ou construção de moradias tende a registrar nova queda em 2016. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) projeta que os desembolsos com recursos da poupança caiam 20,6% neste ano, para R$ 60 bilhões. O movimento daria continuidade à retração de 33% vista em 2015, quando as liberações alcançaram R$ 75,6 bilhões.

"Temos um contexto macroeconômico muito mais desafiador. 2015 foi o primeiro ano de ajuste e em 2016 isso deve continuar", afirmou Gilberto Abreu, presidente da Abecip. Ele lembrou que o mercado de financiamento imobiliário precisa de inflação baixa e juros baixos para crescer, fatores que não estão presentes. "O crédito como um todo hoje é menos promotor do crescimento", disse.

Do lado do consumidor, o principal entrave à expansão é a baixa procura. "Comprar imóvel demanda confiança. É, provavelmente, a principal aquisição que as pessoas vão fazer ao longo da vida", disse.

No campo da oferta, Abreu espera que 2016 seja mais um ano de redução nos lançamentos, com a indústria intensificando as promoções. Entre janeiro e setembro do ano passado, as construtoras lançaram 32,4% menos unidades que no mesmo período de 2014. Esse ajuste, porém, deve ser visto com bons olhos. "Viemos de um momento de euforia dos consumidores em 2012 e o fato de as incorporadoras estarem lançando menos, reduzindo seus estoques, é boa notícia. Esse é um momento de ajuste, de transição", afirmou.

Os preços dos imóveis não devem sofrer uma queda geral, na avaliação de Abreu, pois em momentos de preços em baixa, os proprietários tendem a não realizar o negócio, então as revisões tendem a ser pontuais.

A Abecip trabalha num novo indicador de preços de imóveis que levará em consideração características dos bens hoje não abarcadas pelos indicadores do mercado. "Temos informações de financiamentos, da análise de crédito dos bancos. Vamos equalizar pelo tamanho do imóvel, região número de quartos etc. E vamos ter uma visibilidade muito melhor do que está acontecendo", comentou Abreu.

Se as incorporadoras continuarem reduzindo seus estoques, a tendência é que os preços sofram até alguma pressão de alta daqui a cerca de dois anos, caso a demanda se recupere, segundo Abreu. A expectativa da Abecip é que as medidas econômicas do governo possibilitem a recuperação da confiança e a retomada do crescimento. "Isso passa por buscar uma equação fiscal mais sadia, afinal isso está impactando a taxa de juros que é o principal canal que afeta nosso mercado", disse o executivo.

Em 2016, contudo, por conta dos juros elevados, e da fraqueza econômica, a poupança deve registrar um novo ano de saques líquidos, limitando ainda mais o funding para o crédito imobiliário. Abreu acredita, entretanto, que o volume de resgates será menor que em 2015, quando houve retirada líquida de R$ 50,1 bilhões.

O funding complementar desse mercado, que vem das letras de crédito imobiliário (LCI) e certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) pode ganhar mais espaço. "O mercado vai buscar mais mix de funding", disse o presidente da Abecip. "Há funding complementar que também tem sido usado e cresceu bastante nos últimos anos".

Outra possibilidade aventada por participantes do mercado é a liberação de mais recursos do compulsório para o segmento. Segundo Abreu, a Abecip ainda não conversou com o governo após a troca do ministro da Fazenda sobre a possibilidade de novas medidas para aquecer o setor. Ele comentou que os recursos liberados no ano passado pelos compulsórios irrigaram o mercado, mas grande parte do incremento de R$ 22,5 bilhões já foi usado.

A Abecip também divulgou os dados de inadimplência. No ano passado, a parcela de contratos com mais de três prestações em atraso alcançou 1,9%, ante 1,4% em 2014.

FONTE: VALOR ECONôMICO