O volume de financiamento para construção ou aquisição de imóveis deverá crescer 7% em 2019 para R$ 126 bilhões, segundo previsão da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), divulgada ontem.
Em 2018, o segmento que atravessava uma crise desde o final de 2014 mostrou melhora e alcançou R$ 117 bilhões em financiamentos, ante o montante de R$ 102 bilhões obtido em 2017.
Na avaliação do presidente da Abecip, Gilberto Duarte de Abreu Filho, o cenário econômico de juros básicos na mínima histórica (Selic em 6,5% ao ano) e de inflação controlada favorece um ambiente de crescimento para o crédito imobiliário. “Com juro de mercado a 8% ao ano, e 30% de entrada, o valor da prestação do imóvel fica igual ao do aluguel”, respondeu o executivo.
Nas estimativas da associação, o crédito com recursos da caderneta de poupança deverá avançar 20% neste ano para o volume de R$ 69 bilhões, enquanto o financiamento com funding do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) – voltado ao publico de menor renda – pode recuar 5% para R$ 57 bilhões em volume.
Em 2018, os créditos para imóveis que tiveram como fonte o FGTS evoluíram 2% para R$ 60 bilhões, enquanto os financiamentos com recursos da caderneta de poupança saltaram 33%, de R$ 43,1 bilhões para R$ 57,4 bilhões. Ao todo, somando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o FGTS, o financiamento imobiliário cresceu 15% em 2018 ante 2017.
Abreu Filho aponta que o patrimônio depositado na caderneta deve aumentar 11% em 2019 e atingir o total de R$ 684 bilhões. “Com o crescimento da economia, as pessoas vão poupar mais”, diz.
Além do funding da poupança, o presidente da Abecip prevê que a emissão da letra imobiliária garantida (LIG) terá expansão. “A emissão da LIG vai forçar os bancos a reduzir as LCIs [letras de crédito imobiliário] de seus balanços. Nos próximos três anos, vejo a LIG ocupando o espaço da LCI”, afirma. Pelos dados da associação, ao final de 2018, as LCIs contribuiam com 12,4% da estrutura de funding (R$ 156,6 bilhões), ao passo que a novata LIG tinha 0,2% (R$ 2 bilhões).
Reação de usados e fundos - Na visão de Abreu Filho, o mercado e o crédito para imóveis usados podem reagir neste ano. “Os preços dos imóveis usados estão subindo e a diferença em relação aos novos deve estreitar”, apontou.
Para o fundador e CEO da fintech SmartBrain – que atua com investimentos imobiliários – Cássio Bariani, superada a crise (entre 2015 a 2017), o cenário é positivo para aportes em imóveis para renda e fundos (FIIs). “Tivemos uma queda da vacância e do estoque de unidades, e agora começamos a ter uma retomada no lançamento de novos”, destacou.