ABECIP na mídia

18/04/2018

Crédito residencial vive recuperação em 2018

Em 2017, o volume de financiamento para imóveis residenciais somou R$ 42,03 bilhões - 2,5 vezes menos do que em 2014, conforme atestam dados da Abecip

Depois de três anos seguidos de quedas nos financiamentos à casa própria, esse segmento do mercado brasileiro começa a reagir. No primeiro bimestre do ano, o volume de crédito para aquisição de residências saltou 17,7% em relação ao mesmo período de 2017, segundo a Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip).

 Se nos primeiros dois meses do ano passado havia 15 Estados e o Distrito Federal com volume de financiamentos residenciais em queda, em 2018 o quadro se inverteu: no primeiro bimestre do ano, 19 unidades da federação apresentam crescimento. Os dados da Abecip mostram agora apenas oito Estados com recuo.

 "Janeiro e fevereiro estão confirmando a tendência de recuperação de 2017", resume Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária (CII), da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Na comparação entre 2017 e o ano anterior, a CBIC identificou um aumento de 5% no número de unidades lançadas no país e de 9% no volume de imóveis vendidos, a partir de levantamentos realizados em 22 cidades e regiões.

 A realidade, porém, ainda está distante muito distante daquela de 2014, quando o mercado atingiu o pico da série histórica de financiamentos imobiliários. "O estrago foi rápido. Para sair dessa crise vamos levar de dois a três anos", sustenta Petrucci.

 Em 2017, o volume de financiamento para imóveis residenciais somou R$ 42,03 bilhões - 2,5 vezes menos do que em 2014, conforme atestam dados da Abecip. Em janeiro e fevereiro deste ano, o montante de crédito imobiliário para o segmento totalizou R$ 7 bilhões, contra cerca de R$ 6 bilhões nos primeiros dois meses de 2017 e R$ 6,2 bilhões em igual período de 2016.

 A recuperação ainda se dá de maneira desigual, esclarece Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Abecip, citando a Paraíba como o Estado em que os financiamentos de imóveis residenciais mais cresceram (+69,6% no bimestre). Na lista de destaques positivos aparecem ainda Pernambuco (+56,1%) e Rio Grande do Sul (+34,7%).

 Já nos dois maiores mercados do país os resultados são opostos. Enquanto São Paulo registrou no bimestre incremento de 26,1% no crédito imobiliário residencial, o Rio de Janeiro amarga uma retração de 18%. "Em termos de vendas residenciais, o quarto trimestre de 2017 foi o melhor dos últimos dois anos", diz Claudio Hermolin, presidente da Brasil Brokers, segunda maior rede de imobiliárias do país, e presidente da Associação de Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi). Embora positivos, os resultados da Brasil Brokers se concentram majoritariamente em São Paulo, praça que respondeu - em valor de mercado - por 73% dos lançamentos a cargo da empresa no ano passado.

 "O que falta [ao Rio de Janeiro] é uma saída para a crise. Essa é uma solução que nós ainda não enxergamos ", diz Hermolin. Para o presidente da Brasil Brokers, o Estado sofre com uma combinação de fatores negativos que inclui crise fiscal, retração da indústria petrolífera e, também, recrudescimento da violência.

Apesar de o volume de crédito imobiliário no Rio ter encolhido no primeiro bimestre, a demanda começa a reagir no segmento de alto e médio padrões, conta Marco Adnet, diretor-executivo da Tegra no Rio de Janeiro. Lançando em março pela incorporadora, o Stories Residence, na zona oeste, teve 86 unidades (30% do total) escrituradas no fim de semana de estreia. No ano passado, a Tegra não teve lançamentos no Rio. "Não é uma recuperação que a gente possa classificar como consistente ou definitiva."

Nos últimos três anos, todas as variáveis que permitem ao mercado se expandir, como juros baixos, crescimento econômico, otimismo e o ganho de renda, caminharam no sentido contrário, justifica o presidente da Abecip. A queda na taxa básica (Selic) ainda produz efeitos limitados devido às incertezas políticas e econômicas. "Você consegue garantir, num país como o Brasil, que vamos ter Selic de 6,5% ao ano daqui a 15 anos?", questiona Hermolin, da Brasil Brokers.

FONTE: VALOR ECONôMICO