Quem pretende investir em imóveis pode encontrar boas oportunidades no mercado, desde que tenha consciência que se trata de um investimento de longo prazo. Em tempos assim não tão distantes, houve uma euforia no mercado imobiliário, com grande oferta em lançamentos, crédito acessível e juros baixos, o que resultou na presença de investidores de curto prazo, que compravam imóveis na planta com intenção de negociá-los em até três anos. Mas, desde 2013, o cenário se transformou e houve uma progressiva baixa no preço real dos imóveis e dos aluguéis, com uma consequente queda no volume de lançamentos de novas unidades.
Os mais recentes números do setor projetam um alento para o início de uma recuperação nos preços, retomada esta que ainda é uma incógnita, já que só se deve se manifestar concretamente a partir do próximo ano, caso o governo federal tenha sucesso em políticas que reduzam o gasto público e permitam taxas de juros mais baixas com controle da inflação.
De acordo com o estudo RaioXFipeZap, há uma tímida expectativa dos compradores em potencial quanto às condições mais favoráveis de negócios. A pesquisa revelou que entre o primeiro e o segundo trimestre houve um recuo de 73% para 70% entre 6.714 compradores em potencial (com intenção de compra em até três meses) que consideram os preços atuais como "altos ou muito altos". Neste universo, 51% acreditam em redução real dos preços enquanto 49% tem expectativa que os preços devam acompanhar a inflação. Apesar da leve melhora nas expectativas, o percentual de investidores atingiu 40%, menor índice já registrado na série histórica da pesquisa.
Para Eduardo Schaeffer, CEO do Zap, o investidor deve ficar atento ao mercado de imóveis residenciais usados, principalmente em razão da baixa oferta de lançamentos e dos desdobramentos da crise econômica a partir de 2014. "O consumidor está com a faca e o queijo nas mãos. O percentual médio de descontos nos últimos 12 meses é de 9,4% e há proprietários precisando se desfazer de seus imóveis, o que proporciona boas chances de descontos", diz. Em agosto de 2014, a taxa média de desconto era de 6,7%.
De preferência, o investidor deve optar por recursos próprios na compra. A opção pelo financiamento se tornou mais complicada em função do maior rigor imposto pelos bancos. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os desembolsos do primeiro semestre do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (Sbpe) ficaram em R$ 22,6 bilhões, uma queda de 49,5% ante mesmo período de 2015. A expectativa da Abecip é que o volume de empréstimos feche 2016 em torno de R$ 50 bilhões, o que seria o pior desempenho desde 2009, ano que fechou com apenas R$ 34 bilhões.
Segundo Gilberto de Abreu Filho, presidente da Abecip, o investidor deve ser cauteloso na compra de um imóvel. "Nos próximos dois anos, os preços dos imóveis devem acompanhar o rendimento da poupança (6% ao ano mais a TR), mas tendem a valorizar após este período. Para Flavio Amaury, presidente do Secovi-SP, um eventual reaquecimento da economia pode colocar o setor imobiliário nos trilhos, mas a recuperação será lenta. "O setor imobiliário exige um longo planejamento, que vai desde a identificação do terreno para a obra até a construção. Até lá, deve-se computar os aumentos dos insumos e da mão de obra.".