São dois anos seguidos de queda nas vendas, recuo nos lançamento se preços, na melhor das hipóteses, com alta abaixo da inflação. E isso sem falar na onda de distratos – devolução de imóveis comprados na planta – que tira o sono das incorporadoras, fruto da perda de renda, do desemprego e da alta dos juros. A boa notícia é que 2016 pode ter marcado o fim de um ciclo de baixa no mercado imobiliário. A expectativa de boa parte do setor, apurada durante o Summit Imobiliário, é de a recuperação começar neste ano, ainda que lentamente, e se acentue em 2018.
“O pior momento para todos já passou, trabalhamos agora coma expectativa de crescimento em vendas e lançamentos entre 5% e 10% neste ano. Inflação menor, juros em queda e maior confiança do consumidor devem ajudar o setor a reverter a curva de baixa e iniciar a recuperação”, disse Flavio Amary, presidente do Sindicato da Habitação (SP), durante o evento promovido pelo Estado e a instituição. “Além de indicadores melhores, as empresas do setor devem aproveitar o ano e se preparar para uma retomada mais forte em 2018, criando projetos e
organizando a casa.”
Distância - Mesmo que a previsão otimista se concretize, o mercado imobiliário ainda estará bem distante do auge do setor, entre 2009 e 2012, com avanço médio anual superior a dois dígitos. Outro dado que trouxe um pouco de ânimo para o setor refere-se à ligeira melhora na confiança do País nos últimos meses, embora em dois anos tenha havido queda de 83% no volume de empréstimos e financiamento para a construção e compra de imóveis.
“Em geral, o cenário é de otimismo, mas isso ainda não se refletiu na economia real, em vendas maiores”, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu. A situação fica clara quando se vê os resultados de janeiro e fevereiro, quando os valores financiados ficaram 7% abaixo dos registrados em igual período do ano passado e o número de unidades, 10%, segundo dados da associação.
A percepção e Abreu é a mesma da agência de classificação de risco Fitch Ratings, em relatório sobreas incorporadoras brasileiras. Para a agência, o setor deverá continuar pressionado pelas condições macroeconômicas instáveis, como o endividamento das famílias, desemprego e taxas de juros altas.
“Os desembolsos de crédito imobiliário podem apresentar ligeira evolução em 2017 frente à fraca base de 2016. Iniciativas como a redução das taxas de juros e elevação do teto de financiamento com recursos do FGTS podem apoiar a lenta recuperação”, informa a agência.
O Banco Central (BC) vem sinalizando aceleração no corte dos juros. Outro aspecto positivo, afirma o presidente da Abecip, é que hoje os bancos estão mais abertos à concessão de crédito para a compra da casa própria.