ABECIP na mídia

17/07/2017

Poupança e emissão de letras devem suprir crédito imobiliário

Mas, à medida que liberam recursos, o volume disponível e o saldo a ser remunerado caem, diz Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Com a queda da captação da poupança nos últimos anos, cresceu a participação dos recursos do FGTS no financiamento imobiliário. Contudo, a crise e a mudança nas leis trabalhistas, que permitirá o saque de até 80% do saldo do fundo de garantia em acordos amigáveis entre patrões e empregados, devem alterar esse quadro.
Os recursos da poupança e principalmente instrumentos de mercado, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), tendem assim a retomar espaço.

Até 2015, a maior parte do funding das concessões de crédito imobiliário no Sistema Financeiro Habitacional (SFH) vinha da poupança. No ano seguinte, a participação do FGTS no financiamento imobiliário passou a liderar e essa tendência se mantém neste ano.

Do total de concessões de crédito imobiliário no SFH no ano até maio, R$ 17 bilhões vieram da poupança e R$ 26 bilhões, do FGTS. "Hoje há equilíbrio no FGTS entre arrecadação líquida e rentabilidade. Mas, à medida que liberam recursos, o volume disponível e o saldo a ser remunerado caem, diz Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

A carteira imobiliária da Caixa Econômica Federal alcançou R$ 412,9 bilhões no fim do primeiro trimestre. Desse saldo, R$ 211,3 bilhões foram concedidos com recursos do FGTS e R$ 200,8 bilhões, com dinheiro da poupança.

Em entrevista ao Valor em maio, o vice-presidente de habitação da Caixa, Nelson Antonio de Souza, disse que o banco apostava no crescimento das captações de poupança para financiar operações de crédito imobiliário, assim como pretendia reduzir as emissões de LCI, que são uma fonte mais cara.

A Caixa afirma que a liberação do saldo das contas inativas do FGTS, que já somou R$ 41,8 bilhões, foi analisada pela equipe técnica do governo e "não fragiliza a capacidade de investimentos, autorizados pelo conselho curador do FGTS, nas áreas de saneamento, infraestrutura e habitação".

No Banco do Brasil, o funding para o crédito imobiliário vem da emissão de LCI e da poupança. "Temos funding para atender a demanda projetada para este ano", diz Edson Pascoal Cardozo, diretor de crédito imobiliário do BB.

No Santander, o funding - constituído 84% por recursos da poupança e o restante por LCI - também é suficiente para uma aceleração no crescimento da carteira, diz Fabrizio Ianelli, superintendente executivo de negócios imobiliários.

O Bradesco afirma que também tem funding para atender a demanda deste e do próximo ano. Segundo o diretor de empréstimos e financiamentos do Bradesco, Leandro Diniz, a maior parte (70%) do crédito imobiliário é via SFH, com recursos da poupança. Os outros 30% são da carteira hipotecária, lastreada por LCI.

Com a trajetória de queda da Selic, a poupança tem voltado a ganhar atratividade, o que favorece essa modalidade de funding, diz o executivo do Bradesco.

Para o presidente da Abecip, o aumento da captação líquida da poupança não será suficiente para suprir eventual queda do FGTS e o mercado terá que acessar instrumentos alternativos. Do saldo de financiamento imobiliário no sistema financeiro, que somava pouco mais de R$ 610 bilhões em maio, 39% eram de recursos do FGTS, 59% de poupança e 2% de outros instrumentos, diz a Abecip.

FONTE: VALOR ECONôMICO