A Pontte investe nas operações de home equity. Como funciona essa modalidade?
O home equity é um modelo de crédito que tem o imóvel como garantia. Ainda é pouco usado no Brasil, mas é uma forma inteligente de tomar dinheiro emprestado porque tem menos juros embutido. É um empréstimo de menor custo justamente por trazer um patrimônio como garantia, permitindo prazos longos de pagamento, de até 20 anos. Nós oferecemos taxas de 0,85% ao mês mais inflação. É uma taxa muito competitiva até em nível global. No Brasil, estávamos acostumados com taxas de 1,5% a 2,5% ao mês. Em 10, 15 ou 20 anos, o impacto é grande.
É um modelo que assusta por deixar o imóvel como garantia. Ele pode realmente se expandir no Brasil?
Sim. Ele vai crescer nos próximos anos. É uma tendência que a pandemia do coronavírus acelerou e uma forma muito saudável de captação de recursos para quem precisa de empréstimo. Conta a favor o trabalho que o Banco Central tem feito para promover e tornar o processo mais simples e ágil, sem deixar de ser seguro. Vamos supor que uma pessoa tenha um imóvel de R$ 1 milhão e precise de R$ 100 mil emprestados. O empréstimo é concedido, mas meses depois ela precise de mais R$ 100 mil. Antigamente, seria necessário cancelar a operação e refazer, repetindo todo o procedimento, redefinir taxas, entre outros pontos. Hoje isso já não é necessário. Como o valor do imóvel desse cliente possibilita a tomada de empréstimos bem maiores, é possível simplesmente adicionar o montante que foi solicitado. Outro ponto importante: só é permitido financiar 60% do valor do imóvel, o que torna a operação mais segura do que em outros países.
Qual o perfil de quem busca o home equity?
Em 2019, e até pouco tempo antes da crise gerada pelo coronavírus, o Brasil estava ficando com uma cara melhor economicamente. Então, muita gente buscava o home equity como forma de expandir os negócios, fazer um MBA no exterior ou realizar outro sonho. Com a pandemia, o perfil mudou. O cliente vem e diz “meu negócio é bom, mas enfrento dificuldades e preciso de crédito”.
Como surgiu a ideia?
De uma experiência da Mauá Capital. No auge da crise imobiliária, o consumidor comprava um apartamento, a construtora entregava, mas o comprador não conseguia o financiamento no banco e pedia o distrato. A incorporadora, claro, não queria e, em muitos casos, tentava por conta própria fazer o financiamento. Foi aí que a Mauá Capital entrou. Começou a adquirir carteira de várias incorporadoras e percebeu a dor do cliente final. O custo do crédito é alto e não há flexibilidade alguma. Em um momento de dificuldade, o consumidor não pode nem tentar negociar, porque o banco não quer renegociar. Quer que você pague e pronto. Percebemos uma oportunidade: oferecer empréstimos mais baratos com flexibilidade de negociação. A ideia é que o crédito seja uma ferramenta a favor do cliente e não motivo de transtorno.
Qual é o volume de operações da empresa?
Juntando financiamento imobiliário e home equity temos um estoque de R$ 500 milhões, resultado de operações realizadas desde 2017. O crédito imobiliário representa cerca de 60% desse estoque. Mas, considerando apenas nossas operações recentes, o home equity representa cerca de 70% das negociações. Temos investido mais nesta modalidade. Uma coisa que mudou bastante em nossas operações é o tíquete médio. Antes da pandemia era de R$ 200 mil, agora está em R$ 450 mil. O home equity é o grande responsável por isso.
CORRETORA
TransferWise recebe aval do Banco Central
O Banco Central deu aval para que a fintech de transferências internacionais de recursos TransferWise possa operar como corretora de câmbio no Brasil. Com a licença, a tarifa cobrada sobre as transações, hoje em torno de 1,5%, pode cair pela metade, segundo a TransferWise. Isso porque ela vai operar sem apoio de outra corretora, como ocorria anteriormente. A empresa também oferecerá serviço que permite às pessoas físicas enviarem dinheiro para empresas. Além disso, pretende incluir operações para as áreas de turismo e de transferências de recursos entre companhias. De origem britânica, opera no Brasil desde 2016. Há cerca de um ano, recebeu investimento de quase US$ 300 milhões e foi avaliada em cerca de US$ 3,5 bilhões.
BANDEIRAS
FitBank passa a emitir pré-pagos da Elo
A FitBank, plataforma de gestão de meios de pagamentos, passou a emitir cartões pré-pagos Elo e a oferecer a clientes a opção de débito direto no saldo da conta digital, tanto para cartões físicos quanto virtuais. A ferramenta está disponível para empresas que queiram incrementar seus ecossistemas com a distribuição de cartões para clientes. “Essa oferta de cartão pré-pago aos clientes dos nossos clientes está disponível tanto de forma avulsa como vinculada à operação deles em nossa plataforma”, afirma Otavio Farah, CEO da FitBank.
Número da semana
8%
É a estimativa de quanto a economia do Brasil deve encolher em 2020, segundo relatório do Banco Mundial divulgado na segunda-feira (8). São três os principais motivos para a forte retração: ineficácia do governo contra a pandemia do coronavírus, redução dos investimentos no País e queda dos preços das commodities.
O relatório Perspectivas Econômicas Globais afirma, no entanto, que em 2021 a economia pode se recuperar, com crescimento de 2,2%. Mas isso só ocorrerá se os fatores responsáveis pela queda atual tiverem os seus efeitos reduzidos no próximo ano
e se reformas como a tributária, que está parada por conta da pandemia, forem retomadas. Segundo o estudo, elas possibilitariam uma melhora do ambiente de negócios. Para a economia global, a previsão do banco é de contração média de 5,2% este ano. As chamadas economias avançadas devem encolher 7%, enquanto as emergentes sofrerão recuo médio de 2,5%.
O Banco Mundial já alertou que essas previsões podem ser revisadas para baixo caso a incerteza sobre a pandemia e as paralisações das empresas persistam por mais tempo.