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04/02/2022

A construção de recordes

Com adequação de produtos à demanda do mercado imobiliário, diversificação geográfica e ênfase nas vendas on-line, Grupo Direcional cresce 78% em um ano e atinge R$ 3,1 bilhões em lançamentos

Em quatro décadas desde a fundação da Direcional Engenharia, nenhum ano apresentou resultados tão expressivos quanto o de 2021. Listada no Novo Mercado da B3, a bolsa brasileira, a companhia é uma das maiores construtoras e incorporadoras do País, com mais de 150 mil unidades residenciais entregues. “A gente procura melhorar a performance sempre, e o último ano foi de recordes”, afirmou à DINHEIRO o CEO do Grupo Direcional, Ricardo Gontijo, de 40 anos. Os números impressionam. O volume total de lançamentos de janeiro a dezembro passados atingiu R$ 3,1 bilhões, crescimento de 78% na comparação com 2020. As vendas líquidas totalizaram R$ 2,4 bilhões, 45% acima do ano anterior. “Em um setor de ciclo longo como o nosso, em que entre a compra de um terreno e a entrega dos empreendimentos podem se passar cinco anos, o que estamos colhendo agora é fruto do que semeamos lá atrás”, disse Gontijo, que está na companhia desde 2004.

Atualmente, o grupo é formado por duas empresas. A Direcional Engenharia atua na construção de moradias populares, para famílias com renda mensal de até sete salários mínimos, que se enquadram no programa habitacional Casa Verde Amarela. Acima dessa faixa, a Riva Incorporadora atende o mercado convencional, com imóveis destinados a clientes com renda de até R$ 15 mil por mês. “Nossos produtos estão na faixa entre R$ 250 mil e R$ 600 mil. Um segmento com muita demanda no País todo”, disse o CEO. Separadas as operações, em 2021 houve crescimento de 24% na Direcional e de 368% na Riva.

Uma das razões para esse porcentual tão elevado está no ambiente macroeconômico. No início de 2020, o Conselho de Política Monetária do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia (a Selic), para 2% ao ano. A decisão de foi tomada para atenuar os impactos da pandemia de Covid. Com a Selic no nível mais baixo da história, cresceu a oferta de crédito por parte dos bancos. E as condições para contratar novos empréstimos se tornaram muito mais atraentes. “Foi um ano recorde também no volume de financiamentos concedidos”, disse Gontijo. “O custo baixo para o setor imobiliário permitiu que muitas famílias pudessem entrar no público-alvo dos nossos produtos”, afirmou.

 Poupança

 Como a maior parte dos clientes do Grupo Direcional depende de financiamento bancário para adquirir um imóvel, a redução nas taxas de juros teve efeito extremamente positivo. O impacto foi sentido por todo o setor da construção civil do País, que opera por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), linha de crédito destinada à compra de imóveis que é oferecida por várias instituições financeiras públicas e privadas na qual os recursos advém da poupança. O SBPE financia até 80% do imóvel com prazos que podem chegar a 35 anos. E mesmo agora, com a Selic em 10,75% ao ano, os juros para o financiamento imobiliário devem se manter em níveis ainda atraentes. “Dentro do Casa Verde Amarela, que responde por 59% das vendas do Grupo Direcional, o aumento da Selic não impacta no custo de crédito”, disse Gontijo. Segundo ele, mesmo fora do programa habitacional do governo, as taxas de financiamento podem ficar abaixo da Selic. “Os bancos não precisam subir na mesma proporção, pois o funding é a poupança, que paga 0,5% ao mês mais TR”, afirmou. “A partir de agosto de 2021 sentimos um incremento nas taxas de juros, mas muito inferior à da Selic. Tanto que nosso quarto trimestre foi o recordista em vendas, somando R$ 668 milhões.”

O resultado recorde não se deveu, portanto, apenas aos juros baixos. Três fatores se somaram para isso: a adequação dos produtos à demanda, a diversificação regional e as vendas on-line. “Tivemos de adequar os lançamentos também à realidade inflacionária, uma vez que o custo dos materiais subiu acima da inflação”, disse. “Ajustamos alguns produtos, com prédios mais altos e áreas externas para atender às necessidades de quem pode pagar e tem exigido mais conforto desde o início da pandemia.” Segundo ele, isso permitiu aumentar as vendas e manter as margens de rentabilidade.

Outro fator decisivo é a presença do grupo em 40 cidades, de oito estados, além de Brasília. “Isso nos dá resiliência e deixa a empresa blindada em relação à volatilidade de determinada praça.” Por fim, pesou no resultado o incremento dos canais digitais. Na Riva, segundo Gontijo, quase 60% das vendas foram iniciadas de forma on-line. “Quando pegamos as vendas de 2017 a 2021, são as plataformas digitais que mais tiveram crescimento. No ano passado, o volume dobrou em relação a 2020”. Até isso foi um recorde. 

FONTE: ISTOÉ DINHEIRO