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01/02/2017

A longo prazo, meta de inflação se aproximará de 3%, diz Ilan

Ilan reforçou que a inflação para este e para o próximo ano está na meta de 4,5%. "Estamos no caminho. A inflação neste e no próximo ano está na meta."

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou que, no longo prazo, a meta de inflação brasileira deverá ser mais parecida com a registrada em outros países emergentes, ao redor de 3%. Porém, ele ressaltou que nada vai ser feito de forma apressada no país, que adota meta de 4,5% do IPCA, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

"No longo prazo, tomando decisões a cada junho, vamos levar a inflação para uma meta parecida com outros países emergentes, que têm meta de 3%. Por enquanto, focamos na nossa meta, que é de 4,5%", disse Ilan, em evento ontem em São Paulo.

A decisão sobre a meta de inflação para 2019 será tomada na reunião de junho do Conselho Monetário Nacional (CMN), mas, por enquanto, não há nada definido sobre a questão, afirmou. Em junho do ano passado, o CMN confirmou a meta de 4,5% para 2017 e acenou também com 4,5% para 2018, porém, reduziu o intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para 1,5 ponto. Em junho próximo, o CMN deve confirmar a meta de 2018 e sinalizar a de 2019. "Vamos ter uma decisão sobre a meta de inflação de 2019, mas não há nada definido", afirmou Ilan.

Ilan reforçou que a inflação para este e para o próximo ano está na meta de 4,5%. "Estamos no caminho. A inflação neste e no próximo ano está na meta."

Em seu discurso no evento, Ilan afirmou que o BC pode ou não fazer a rolagem parcial dos contratos de swap cambial com vencimento em março, a depender das condições de mercado. "O estoque de swap hoje está em [cerca de] US$ 26 bilhões, muito menor que no auge da crise. Esse tamanho menor nos dá conforto, mas não significa que não possamos voltar a diminuir o estoque no futuro", disse. Ilan se referia a quase US$ 7 bilhões em swaps que vencem no começo de março. Antes, o presidente do BC havia lembrado a realização da rolagem integral dos mais de US$ 6 bilhões em swaps que expirariam em fevereiro.

Para o presidente do BC, o Brasil está hoje menos vulnerável a choques externos. Como fatores que justificam a menor vulnerabilidade, Ilan citou as reservas internacionais (equivalentes a 20% do PIB), menor estoque de swaps cambiais (US$ 26 bilhões, contra US$ 108 bilhões no pico de 2016), queda do déficit em transações correntes (1,3% do PIB em 2016) e investimento direto produtivo de 4,4% do PIB no ano passado. "É muito mais financiamento do que déficit", afirmou.

Por outro lado, Ilan reconhece que o atual cenário global é "especialmente incerto", mas num contexto de avanços na recuperação dos fundamentos da economia brasileira. A primeira incerteza, afirmou, está relacionada à implementação e repercussão das políticas econômicas de países avançados, "especialmente os Estados Unidos". Para Ilan, a dúvida é se o mundo ficará mais protecionista e qual o impacto sobre economias desenvolvidas e emergentes.

O outro tipo de incerteza diz respeito à normalização das condições monetárias em países riscos. O presidente do BC disse que mais gastos fiscais nos EUA poderiam gerar inflação, o que potencialmente levaria o Federal Reserve (Fed, o BC americano) a subir mais os juros. Por outro lado, citou que mais expansionismo fiscal em economias como Japão e zona do euro gerariam mais crescimento, sem necessariamente alimentar inflação. "Esse cenário mais incerto tem implicações para economias emergentes. As taxas [de juros] mais altas resultam em condições de financiamento menos favoráveis."

Ilan falou ainda dos esforços para reduzir os spreads bancários. Citou problemas com garantias, custos administrativos, compulsórios e tributação elevada como fatores que explicam os spreads altos. Ele afirmou ainda que outro fator é o que chama de "meia entrada". Segundo ele, 50% do sistema sobrevive a taxas subsidiadas, o que significa que aquele que paga a "entrada integral" acaba tendo que compensar esse custo.

Segundo Ilan, o sistema de cartões brasileiro é cheio de subsídios cruzados e, por isso, precisa ser repensado de forma estrutural para que fique mais parecido com o que se pratica no exterior. 

FONTE: VALOR ECONôMICO