A Caixa Econômica Federal vai lançar em breve uma linha de financiamento imobiliário corrigida pela caderneta de poupança, seguindo exemplos da concorrência, como Itaú e Banco Inter, por exemplo. A vantagem dessa modalidade para os mutuários é que juros são menores em relação aos empréstimos tradicionais.
Mas há riscos, porque isso depende do comportamento da taxa básica de juros, a Selic, que está em 2% ao ano. Caso a Selic volte a subir, o mesmo acontecerá com os juros do financiamento.
O rendimento da poupança hoje corresponde a 70% da Selic. Se essa taxa chegar a 8,5%, por exemplo, a poupança passa a render 6,17% ao ano.
O lançamento do novo produto pela Caixa, que já oferece três linhas de financiamento habitacional , foi anunciado pelo presidente da instituição, Pedro Guimarães, ao participar de um evento da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) sobre o desempenho do crédito imobiliário, nesta quinta-feira.
-- Estamos discutindo um quarto produto agora, devemos lançar em breve. Esse produto veio com a competição. Isso é muito bom, isso gera eficiência -- disse Guimarães, sem dar detalhes da nova linha.
Outras linhas
Em agosto de 2019, a Caixa saiu na frente da concorrência e lançou uma linha atrelada à inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com juros entre 2,95% e 4,95% ao ano, mais o índice de preços.
Em fevereiro deste ano, foi a vez do financiamento com taxa fixa (sem correção), entre 8% e 9,75% ao ano. Há ainda a linha tradicional, indexada à Taxa Referencial (TR), atualmente zerada, com juros entre 6,5% e 8,5% ao ano.
Segundo Guimarães, a linha corrigida pela inflação já corresponde a um terço das operações de crédito imobiliário do banco.
Ele disse que a carteira corrigida pelo IPCA chegou a R$ 15 bilhões e que, em janeiro, a Caixa venderá ao mercado uma fatia dos contratos, o equivalente a R$ 1 bilhão, para incrementar a fonte de recursos para financiamentos, a chamada securitização.
Apesar do risco de alta na inflação, o presidente da Caixa destacou que o cliente tem mais possibilidades de escolha.
Mesmo com a crise na economia, decorrente da pandemia do novo coronavírus, o crédito imobiliário vem crescendo. A Caixa, líder no mercado, anunciou, em abril, um pacote de medidas de estímulo ao setor. A expectativa do mercado é que 2020 feche com R$ 100 bilhões em novas operações.
Segundo um especialista ouvido pelo UOL, a linha é interessante em tempos de Selic baixa, porque os juros acabam saindo menores do que os dos financiamentos tradicionais.
Mas o cliente precisa entender que financiamentos imobiliários geralmente duram anos, e sempre existe o risco de a Selic subir durante esse período, puxando para cima os juros do empréstimo.