Por Sérgio Tauhata
O pedido para aumento dos recursos direcionados da poupança ao crédito imobiliário apresentado na semana passada pela Associação Brasileira das Incorporadoras (Abrainc) foi a segunda solicitação formal feita ao Banco Central (BC), afirmou o presidente da entidade, Luiz França, que participou de evento de real estate organizado pelo banco Inter nesta quarta-feira. “Foi o segundo pedido formal para liberar o compulsório [da poupança] ao BC”, afirmou.
A proposta da Abrainc, segundo o dirigente, prevê o aumento de 5 pontos percentuais na fatia obrigatória de recursos da caderneta direcionados às linhas de financiamento habitacional. O percentual sairia dos atuais 65% para 70%. “Com isso seriam liberados R$ 38 bilhões extras para o mercado, o que ajudaria a manter as concessões de crédito imobiliário com recursos da poupança no nível do ano passado, em torno de R$ 180 bilhões”, afirmou.
De acordo com França, o volume extra seria direcionado apenas para as operações de aquisição de imóveis novos, o que não resultaria em pressão inflacionária. “É um recurso que não vai para consumo de bens e serviços. Vai para aquisição de moradia, um compromisso de longo prazo.”
França avaliou ainda que a solução para o mercado algum dia deixar a dependência da poupança virá do mercado de capitais. “O mercado de capitais é a única saída [como alternativa aos recursos direcionados]”, pontuou. “Mas isso depende de conseguirmos um ambiente de juro baixo no longo prazo”, acrescentou.
De acordo com o presidente da Abrainc, o mercado já tem os instrumentos para captação de recursos que podem complementar ou até substituir a caderneta. “Temos a LIG, que é a nossa ‘covered bond’, a LCI e o CRI são instrumentos eficientes para captação. A LIG, por exemplo, vai trazer bancos menores ao mercado [de financiamento imobiliário].”