Mais uma vez, os acionistas da Tecnisa seguiram a posição da gestão da companhia de se opor às mudanças propostas pela Gafisa, que têm como objetivo a união das duas incorporadoras. Da assembleia geral extraordinária (AGE) realizada ontem à tarde, participaram detentores de 43,37% dos papéis da Tecnisa. Conforme antecipado pelo Valor, a Gafisa não compareceu à AGE.
Na assembleia, 99% dos participantes rejeitaram a mudança do estatuto da Tecnisa que permitiria elevar o limite que dispara o mecanismo de dispersão acionária (“poison pill”) de 20% para 30% do total de ações. A alteração do estatuto proposta pela Gafisa incluía também o cancelamento do registro de companhia aberta da Tecnisa e a saída do Novo Mercado.
Se aprovada, a alteração do limite da “poison pill” possibilitaria que a Gafisa, segunda maior acionista da Tecnisa, por meio do fundo Bergamo, elevasse sua fatia do capital da companhia fundada por Meyer Nigri dos atuais 5,3% até parcela superior à da controladora - a família Nigri tem 26% - sem ter de realizar oferta pública de aquisição (OPA) a todos os acionistas.
Ontem, foi votado também aumento de capital da Tecnisa de até R$ 500 milhões, com oposição por 99,7% dos presentes. Os participantes rejeitaram ainda a proposta de elevação do limite do capital autorizado da companhia para 200 milhões de ações ordinárias. Na quarta-feira, o conselho fiscal da Tecnisa avaliou que não há necessidade de aumento de capital para execução do plano de negócios da incorporadora.
Procuradas, Tecnisa e Gafisa não comentaram o resultado da AGE.
Na assembleia do último dia 10, na qual compareceram 45% dos acionistas da Tecnisa, 98% dos presentes rejeitaram a continuidade dos estudos para potencial integração de negócios com a Gafisa.
Hoje, será realizada outra assembleia, desta vez para votar a destituição do conselho de administração da Tecnisa também proposta pela Gafisa e a eleição de novo colegiado.
Há um acordo de voto único entre 33% dos acionistas da Tecnisa, incluindo a família Nigri, que tem sido seguido nas AGEs.
A Gafisa contratou o Credit Suisse para “abordagem mais estruturada” dos acionistas da Tecnisa em busca de negociação amigável para a associação das duas incorporadoras, segundo o vice-presidente Finanças e Gestão da incorporadora, Ian Andrade, informou ao Valor na quarta-feira. Sem a aprovação de suas propostas pelos acionistas da Tecnisa, a Gafisa irá “mapear alternativas” para a união das duas companhias