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23/06/2023

Ações de construtoras e varejistas caem forte após sinalização do Copom empurrar juros de curto prazo para cima (InfoMoney)

Companhias sofrem pela perspectiva de mercado menos aquecido e também do lado financeiro, com juros pesando mais

As ações de empresas ligadas ao consumo doméstico, como varejistas e construtoras, caem em bloco – e forte – na tarde desta quinta-feira (22) após o Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar de ter mantido a Selic em 13,75%, como o esperado, ele trouxe um tom mais duro em seu comunicado.

 

Os papéis ordinários da EzTec (EZTC3) caíram 6,64% (R$ 18), as da MRV (MRVE3), 5,04% (R$ 11,30), e as da Cyrela (CYRE3), 3,38% (R$ 19,17). Já as varejistas Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) foram destaque de queda entre as varejistas, com baixas respectivas de 5,05% (R$ 3,57) e 4,60% (R$ 2,49). As ações da Via, por sua vez, também repercutem as notícias sobre a troca do CFO da varejista. 

A Alpargatas (ALPA4), dona da Havaianas, teve queda de 5,95% (R$ 10,43), enquanto Petz (PETZ3) teve queda de 3,43% (R$ 7,04).

 

As companhias dos dois setores sofrem com a revisão de parte do mercado nas expectativas para o corte da Selic, com menor chance de um corte de juros já em agosto. Com juros elevados, pessoas acabam postergando a busca por crédito e a compra de novos imóveis e eletrodomésticos, o que impacta diretamente o faturamento das empresas das duas frentes.

 

“Em nossa visão, a queda das ações das incorporadoras ocorre devido ao tom mais “hawkish” do Banco Central em relação ao corte de juros. A taxa Selic em 13,75% por mais tempo influencia a decisão dos consumidores em adquirir imóveis, o que pode impactar as vendas das incorporadoras. Vale pontuar que as incorporadoras do segmento de média e alta renda são mais impactadas por essa decisão, principalmente, aquelas com maior nível de estoque ou maior endividamento”, comenta Lucas Rietjens, analista da Guide Investimentos.

 

“Varejo cai forte, é um dos destaques das baixas do Ibovespa. Mercado não consegue prever que teremos corte de juros ou não na próxima reunião, em agosto”, fala Leonardo Santana analista da Top Gain.

Fora isso, diversas construtoras e varejistas também sentem o juros mais altos nos seus gastos financeiros. A MRV, por exemplo, é uma empresa que está alavancada, tendo, inclusive, estipulando a redução da relação entre seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) e sua dívida como uma das prioridades para 2023.

 

Investidores aproveitam também o gatilho negativo para realizar parte dos seus ganhos – apesar da queda de hoje, as construtoras ainda acumulam forte alta em 2023. As ações da MRV, por exemplo, sobem mais de 47%, as da Cyrela, mais de 51%, e as da EzTec, mais de 34%. MGLU3 acumula ganhos no ano de cerca de 28%; VIIA3 é exceção, subindo apenas 2,5% no ano.

FONTE: INFOMONEY