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08/06/2022

Acomodação de preços e efeito pontual em SP ajudam a segurar inflação do aluguel, afirma FGV

Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) acumula alta de 8,83% em 12 meses, maior no período desde o início da série histórica, em janeiro de 2019

Por Lucianne Carneiro

 

Alguma acomodação de preços após as altas no início do ano e um efeito mais pontual de São Paulo ajudam a explicar a desaceleração do Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) na passagem de abril (0,82%) para maio (0,59%), segundo o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) Brasil do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), Paulo Pichetti. Com o resultado de maio, o índice acumula alta de 8,83% em doze meses, a maior no período desde o início da série histórica, em janeiro de 2019.

 

O indicador da FGV acompanha a variação da chamada inflação do aluguel em quatro capitais: São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre. Com os dados dessas capitais, a fundação fez média ponderada para elaborar a taxa total do indicador. O Ivar abrange, em sua coleta, preços de aluguéis de longo prazo efetivamente contratados.

Das quatro capitais, apenas São Paulo não teve aceleração de preços entre abril e maio e registrou até mesmo deflação. Na capital paulista, o índice teve recuo de 0,26% em maio, ante alta de 1,27% em abril. Nas demais capitais, os índices aceleraram: Rio de Janeiro (0,31% para 1,31%), Belo Horizonte (-0,07% para 1,97%) e Porto Alegre (0,82% para 0,87%).

 

“O resultado de maio nos mostra uma certa acomodação, refletindo um fator sazonal, que tinha sido apontado no início do ano. Quando vira o ano calendário, houve uma volta mais forte do trabalho e do estudo presencial, o que sugere aumento de pessoas buscando por contratos de aluguel. Agora, parece haver uma acomodação”, afirma Pichetti, que é responsável pelo indicador.

Por conta de ser um índice recente – com dados a partir de janeiro de 2019 -, ressalta ele, a série histórica torna mais difícil compreender padrões sazonais e tendências, mas os sinais são de que há um impacto da época do ano para a desaceleração da alta neste momento.

Para além desse fator sazonal, o desempenho de São Paulo também pode ter contribuído para o resultado de maio, reconhece ele. Pichetti diz que a deflação de 0,26% “é um número que chama a atenção”, mas diz que é muito cedo para avaliar se esta é uma tendência mais para a frente e pode se tratar de um fator específico no mês. “Às vezes é uma questão pontual do mercado, que se dilui no tempo. É preciso aguardar os próximos meses para avaliar melhor”, aponta.

 

Por outro lado, ressalta, a aceleração mais forte dos resultados de Belo Horizonte e Rio de Janeiro pode ter a ver com uma perda maior no período da pandemia. “Belo Horizonte foi onde os contratos de aluguel mais caíram na pandemia. E o Rio de Janeiro também caiu bastante em termos relativos. Isso pode ajudar a explicar o movimento do mês”, aponta.

Outro aspecto que ficou claro no resultado de maio, segundo Pichetti, é a convergência crescente do Ivar ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “O que a gente vê é que o resultado efetivo começa a convergir cada vez mais para o do IPCA. Isso é uma amostra que essa troca de indexador do contrato de aluguel do IGP-M para o IPCA foi bastante abrangente”, afirma ele. 

 

Matéria publicada em 06/06/2022

FONTE: VALOR ECONôMICO