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15/01/2025

Alta da Selic freia mercado imobiliário (Monitor Mercantil – 14/01/2025)

Taxa encarece financiamentos e reduz poder de compra e São Paulo é a capital com o metro quadrado residencial mais caro para locação

Nos últimos meses, a oscilação da Taxa Selic tem imposto grandes desafios ao mercado imobiliário e aos financiamentos habitacionais, afetando diretamente quem deseja investir em um imóvel. O aumento da taxa de juros brasileira impacta tanto a precificação das entradas quanto o valor das parcelas de casas e apartamentos.

Segundo Carlos Castro, da plataforma SuperRico, “a Selic é um termômetro essencial para o mercado imobiliário, influenciando diretamente os custos dos financiamentos. Quando a taxa está em alta, o crédito se torna mais caro, o que reduz o poder de compra dos consumidores e afeta a valorização dos imóveis”.

Além de elevar o custo das parcelas, a alta da Selic reduz a demanda no mercado, contribuindo para uma desaceleração na valorização dos imóveis. Com a Selic em patamares elevados, muitos compradores se perguntam se devem adiar a aquisição de um imóvel. Embora esperar por uma possível redução da taxa de juros seja uma estratégia válida, essa decisão está sujeita a variáveis como inflação e desemprego, que influenciam as políticas do Banco Central.

“Uma entrada maior reduz o saldo devedor e, consequentemente, o impacto dos juros altos ao longo do financiamento. Além disso, parcelas menores são mais fáceis de gerenciar e deixam o orçamento doméstico menos exposto às oscilações econômicas”, explica Castro.

Ele também destaca que, em períodos de Selic alta, algumas incorporadoras oferecem condições atrativas, como descontos e maior flexibilidade no pagamento, para estimular as vendas. “Adiar a compra pode ser uma estratégia interessante para evitar juros elevados, mas é fundamental avaliar o custo-benefício de cada situação e as oportunidades disponíveis no mercado”, conclui.

Apesar de reduzir o poder de compra e desacelerar a valorização de imóveis, a alta da Selic também pode oferecer oportunidades de negociação.

“O mercado imobiliário se adapta às condições econômicas. Quem se planeja adequadamente encontra boas oportunidades, mesmo em cenários adversos”, afirma Castro.

Além disso, segundo ele, “avaliar o perfil financeiro e renegociar dívidas são passos essenciais para obter financiamento em condições mais vantajosas”, ressalta o planejador.

Já segundo o Índice FipeZap, o preço médio do aluguel residencial no país subiu 13,5% em 2024. O valor do metro quadrado alcançou R$ 48,12, de acordo com o levantamento. A alta supera a inflação oficial, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, é uma desaceleração em relação aos dois anos anteriores: 2022 (16,55%) e 2023 (16,16%).

A pesquisa é parceria entre a plataforma de anúncio de imóveis Zap e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). O levantamento acompanha os preços de locação de apartamentos prontos em 36 cidades brasileiras

A alta de 13,5% no ano passado é quase o triplo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, que acumulou 4,83% em 2024. Além disso, é o dobro do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), comumente chamado de “inflação do aluguel”, pois costuma corrigir anualmente os contratos de moradia. O IGP-M encerrou 2024 em 6,54%.

De acordo com a Fipe, em 2024 o aluguel subiu mais que o preço médio de venda de imóveis residenciais, que expandiu 7,73%.

O estudo aponta que o aluguel do imóvel de um quarto foi o que mais subiu, 15,18%, superando a evolução dos domicílios de dois (12,71%), três (12,52%) e quatro ou mais dormitórios (14,17%). Em relação ao preço do metro quadrado, o imóvel de um quarto também é mais caro (R$ 63,15). O domicílio de dois quartos era anunciado a R$ 44,84, em média.

Entre as capitais, Salvador teve o maior aumento médio no aluguel, 33,07%, seguida por Campo Grande (26,55%) e Porto Alegre (26,33%). São Paulo (11,51%) e Rio de Janeiro (8%) tiveram expansões de preço abaixo da média do Índice FipeZap. Maceió teve o menor aumento (3,35%), sendo a única capital que ficou abaixo da inflação oficial do IBGE.

Os pesquisadores esclarecem que o índice FipeZap considera preços de anúncios para novos aluguéis. “Não incorpora em seu cálculo a correção dos aluguéis vigentes, cujos valores são reajustados periodicamente de acordo com o especificado em contrato. Como resultado, o índice capta de forma mais dinâmica a evolução da oferta e da demanda por moradia ao longo do tempo”, pontua a instituição.

Maior cidade do país, São Paulo é a capital com o metro quadrado residencial mais caro para locação.

FONTE: MONITOR MERCANTIL