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23/02/2021

Alta de preço de insumos limita avanço no lançamento de imóveis, avalia CBIC

Cenário pode desestimular segmento residencial, apesar da perspectiva de crescimento neste ano

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, afirmou que o risco de desabastecimento e o aumento do valor dos insumos podem desestimular o mercado a ampliar a quantidade de lançamentos de imóveis residenciais. Essa pode ser a principal ameaça ao crescimento do setor neste ano.

 

Para o vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, esse já um problema para o qual o setor vem chamando atenção desde novembro e a expectativa era que a situação se equilibrasse no primeiro trimestre deste ano, o que não está se confirmando.

Um dos segmentos que podem ser mais prejudicados com o aumento de insumos é o que trabalha especificamente para atender o Programa Casa Verde e Amarela, que substituiu o Minha Casa, Minha Vida. Segundo a CBIC, já existem empresas que estão deixando de operar o programa e migrando para outras faixas de renda. Mas Petrucci afirmou que não há preocupação com falta de recursos no setor.

No quart trimestre do ano passado, o Programa Casa Verde e Amarela representou 48,6% (28.150) do total de unidades vendidas e 47,1% (28.842) do total de lançamentos. Normalmente, essa participação governamental fica acima dos 50%.

A pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais, divulgados hoje pela CBIC, mostra que os lançamentos de imóveis residenciais tiveram uma redução de 17,8% em 2020 na comparação com 2020, e as vendas aumentaram 9,8% na mesma base de comparação. Em 2020, foram lançados 151.782 imóveis, ante 184.761 de 2019. As vendas passaram de 172.902 em 2019 para 189.857 em 2020.

 

Martins afirmou que o crescimento das vendas foi extremamente significativo e que a queda dos lançamentos foi um movimento natural. Somente no quarto trimestre, as vendas de unidades habitacionais somaram 57.968 – o maior número desde 2016, quando foi iniciada a pesquisa.

Segundo Martins, 2020 foi efetivamente um ano diferente, mas o desempenho foi superior ao que se poderia imaginar em março devido aos efeitos da pandemia de covid-19. Para este ano, o presidente da CBIC espera aumentar a quantidade de unidades construídas para repor estoques e, consequentemente, elevar a contratação de mão de obra. “Vamos contratar mais gente para construir a mais e para recompor estoque reduzido”, destacou, ressaltando que o único ponto de preocupação é a falta de abastecimento e o aumento dos preços dos insumos.

Durante a apresentação dos dados do mercado imobiliário, o presidente da CBIC foi questionado sobre o que achava da interferência do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras. Martins não entrou em detalhes, mencionando que já teve problemas no passado com a negociação de preços do asfalto com a Petrobras.

Ele disse que a greve dos caminhoneiros poderia piorar ainda mais a situação dos preços dos insumos e frisou a importância da transparência e do trabalho conjunto ao Congresso Nacional para aprovar reformas que reduzam o tamanho do Estado e deem maior previsibilidade. “Estamos confiantes nas reformas”, frisou.

FONTE: VALOR ECONôMICO