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11/03/2020

Alta renda tem mais ações de empresas grandes, e menos endinheirados, as de dividendos

Levantamento exclusivo do Gorila Invest aponta ações e fundos imobiliários preferidos em cada faixa de aplicações e revela diversificação maior entre os mais ricos

Há algumas tendências curiosas entre os quase 80 mil clientes do Gorila Invest: entre investidores em ações com posições abaixo de R$ 100 mil, os papéis do Itaú (ITSA4), do laboratório Fleury (FLRY3) e da fabricante de motores Weg (WEGE3) são os mais presentes, enquanto entre donos de carteiras maiores, acima de R$ 10 milhões, a maior incidência é de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3).

Essas são algumas das conclusões de um estudo da plataforma de consolidação e controle de investimentos, divulgado com exclusividade pelo Valor Investe.

O levantamento mostra ainda que a incidência dos ativos também varia conforme o volume aplicado.

 

Entre usuários com menos de R$ 100 mil investidos, as três ações de maior recorrência somam 55% de presença. Ou seja, 55 em cada 100 investidores naquele perfil têm aquelas três ações.

Essa incidência cresce para 72% no segmento entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão e muito próximo desse percentual (71%) no público entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões, e cai a 20% na faixa acima de R$ 10 milhões – em provável reflexo de uma diversificação ainda por demais restrita à alta renda.

"É interessante a pessoa com mais de R$ 10 milhões ter presença mais diluída de ações e fundos imobiliários. Acreditamos que isso ocorra porque tem acesso a outros instrumentos; alguns usam fundos exclusivos, e aí são esses fundos que investem, não a pessoa física, e outros aplicam mais em multimercado do que diretamente em ações", diz Guilherme Assis, CEO e cofundador do Gorila Invest.

Ele também chama a atenção para uma variação, entre os perfis, na seleção dos papéis nos quais aplicar.

 

"A escolha de ações do cara com menos de R$ 100 mil é bastante concentrada em Itaú SA, que é um papel que paga bons dividendos. Por outro lado, o cara com mais de R$ 10 milhões tem como ação mais presente a Petrobras. É curioso", ele diz.

Outro aspecto que sobressai, afirma Assis, é a presença, nas carteiras de investidores com menos patrimônio, de ações com menos liquidez “e um pouco mais especulativas”, como as do Banco Inter, o que ele mais uma vez credita a diferenças de perfil.

Imobiliários 'queridinhos'

Já com relação aos fundos de investimentos imobiliários (FII) mais presentes nas carteiras de cada segmento, o Kinea CI ER (KNRI11), o Vinci Shopping Centers (VISC11) e o XP Malls (XPML11) são alguns dos prediletos tanto entre os menores investidores quanto entre os mais abastados.

 

Mas a incidência desses ativos nas carteiras tem variações de até 300%, com a recorrência entre usuários com menos investimentos bastante maior do que entre aqueles com patrimônios mais vastos.

Também entre os fundos de investimentos imobiliários, vale notar, repete-se a tendência de diversificação maior quanto maiores as carteiras de investimentos, conforme sugere a redução da incidência dos FIIs no último grupo.

 

Mais integração, no embalo do open banking

As conclusões do levantamento devem ser observadas à luz de algumas ressalvas. A primeira é que o estudo e sua segmentação são um retrato limitado aos quase 80 mil usuários da plataforma e de suas posições em 31 de janeiro.

Além disso, não há certeza de que os dados da Gorila reflitam todo o patrimônio investido por esses 80 mil clientes, na medida em que não há como garantir que eles necessariamente informaram à plataforma todos os seus investimentos e posições – essa inserção é realizada pelos usuários, sem alimentação automática de dados ou possibilidades de verificação.

 

Esse último, entretanto, deve passar a ser resolvido – ou amenizado – com a implementação das regras do open banking, publicadas pelo Banco Central em abril de 2019 e aprovadas pela entidade neste ano.

O modelo visa permitir ao cliente compartilhar seus dados com diversas plataformas, de acordo com seu interesse, concentrando informações de várias instituições ou centralizando operações.

A ideia é aumentar a competição, abrindo espaço para novos serviços e players, e ampliar a eficiência do Sistema Financeiro Nacional. E, segundo o cronograma previsto, o compartilhamento deve estar pronto até o fim de 2021, com etapas preliminares a serem cumpridas – no segundo semestre de 2020, por exemplo, vence o prazo para as empresas abrirem os dados sobre canais, produtos e serviços.

"A gente acredita bastante no open banking - no nosso caso, o de investimentos", afirma Assis. Ele prevê que essa etapa demore mais que as aberturas de dados sobre contas correntes e crédito, mas, mesmo assim, celebra as perspectivas futuras.

 

"Para nós e para o mercado como um todo, é super interessante, porque vai trazer mais clareza aos investidores e permitir que eles tenham mais fundamento para tomar decisões, comparando custos e riscos e escolhendo as melhores estratégias e corretoras", afirma.

O Valor Investe apurou que, no embalo das novidades regulatórias e tecnológicas, a Gorila Invest deve anunciar em breve sua primeira parceria com uma plataforma digital de investimentos – cujo nome ainda não pode ser divulgado – para compartilhamento mútuo de informações.

 

"A gente vai anunciar ainda neste mês a primeira, e temos mais cinco possíveis integrações correndo em paralelo, mas ainda não podemos divulgar os nomes dessas plataformas", explica o CEO.

FONTE: VALOR ECONôMICO