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25/05/2016

Aluguel cai e ajuda a reduzir a inflação

É a consequência previsível do impacto da crise sobre o mercado imobiliário.

O valor do aluguel recuou 0,22% em abril em nove metrópoles, fazendo com que a redução acumulada nos últimos 12 meses chegasse a 4,8% em termos nominais, como revela o Índice Zap, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da USP, que mede o valor anunciado de novas locações de imóveis. Levando em conta que a inflação anual medida pelo IPCA alcançou 9,28% até abril, fica evidente que houve queda real no valor do aluguel.

É a consequência previsível do impacto da crise sobre o mercado imobiliário. Com o rápido crescimento das vendas e da locação de imóveis até o início de 2014, os investidores foram atraídos, esperando alcançar boa rentabilidade para suas aplicações, além de crescimento patrimonial. A recessão mudou radicalmente o quadro. O preço dos imóveis em geral desabou e, em consequência, também o valor dos aluguéis.

O economista Raone Costa, da Fipe, chama a atenção para um sinal dos tempos. Segundo ele relata, os proprietários de imóveis vazios não querem muitas vezes vendê-los porque as ofertas que encontram no mercado são muito baixas. Por isso preferem dar descontos aos interessados em alugar os imóveis. Na realidade, a procura tem sido relativamente pequena, dado o lento ritmo de atividade econômica.

Isso torna pouco adequada a utilização por administradoras e proprietários de imóveis do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), para reajuste de aluguéis, embora não exista lei que estabeleça essa obrigação. Observa-se que o setor de habitação tem grande peso no IGP-M (25,17%), mas a maior parcela é devida ao custo da construção civil e só um peso de 4,25% é atribuído à variação dos aluguéis. O IGP-M, por sinal, vem crescendo menos (0,33% em abril), mas apresenta um acumulado em 12 meses de 10,64%.

Em vista das novas condições de mercado, muitos locatários em diversas cidades do País não estão mais aceitando reajustes de seus aluguéis pelo IGP-M, mas estão obtendo abatimentos substanciais. Nas cidades pesquisadas para a elaboração do Índice Fipe-Zap, por exemplo, seis apresentaram variações negativas nos novos aluguéis nos últimos 12 meses. As maiores quedas foram no Rio (9,95%), em São Paulo (5,11%) e Salvador (3,62%).

O fator positivo em tudo isso é a contribuição da queda dos aluguéis para a redução da inflação medida pelo IPCA.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO