Paula Cristina
O setor de construção civil enfrenta um momento desafiador em todas as frentes. Se por um lado a venda de imóveis novos caiu 16% entre setembro e novembro de 2015, por outro, o preço cobrado para alugar apresentou queda 3,4% no acumulado do ano.
"A tomada de decisão de longo prazo, como é o caso da aquisição de um imóvel, depende muito da confiança no País", explicou o diretor da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Fernando Moura. Ontem, a entidade revelou que, entre setembro e novembro, os lançamentos de imóveis caíram 14,5% na comparação anual, ao passo que as vendas caíram 16% no mesmo período.
O volume mais baixo na oferta de unidades novas, frente ao total de vendas no período, deveria sinalizar um equilíbrio do mercado, o que poderia estimular a retomada de lançamentos. "No entanto, o impasse político e a paralisação da economia dificultam a perspectiva de recuperação no setor", completa ele.
Outro reflexo do ajuste é a queda nas entregas de imóveis. Nos três meses até novembro foram entregues um total de 28.478 unidades, uma retração de 42,3% frente ao total de unidades no período igual de 2014. Como resultado, o mercado tinha 103 mil unidades para compra no final do mês. O diretor da Abrainc ressaltou que a velocidade de vendas observada atualmente, de 12 meses a 14 meses, poderia indicar uma retomada de novos lançamentos, caso a economia mostrasse condições mais favoráveis. "Se a confiança no País estivesse melhor, esse é um nível que indicaria novos lançamentos", afirmou.
No período, foi vendido o equivalente a 20,9% da oferta, uma queda de 3,3 pontos percentuais face ao observado no mesmo período de 2014.
Locação - Na outra ponta da cadeia, o cenário também é de redução. Segundo o Índice FipeZap, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com o Zap Imóveis, o preço do aluguel residencial em 9 cidades brasileiras, registrou variação de -0,04% no mês de dezembro em comparação com novembro. Trata-se da oitava queda nominal seguida do indicador quando comparado com o resultado do mês anterior.
Com isso, o Índice FipeZap de Locação fechou 2015 com queda nominal de 3,34%. Essa é a primeira vez que o índice termina um ano com resultado negativo em termos nominais em toda a série histórica, que começou em 2008.
Em 2015, a inflação medida pelo IPCA atingiu 10,67%. Dessa maneira, o Índice FipeZap de Locação mostrou queda real de 12,66% no ano passado. Todas as 9 cidades presentes no índice mostraram resultados inferiores à inflação.
Os preços anunciados para locação considerados para o cálculo do índice são para novos aluguéis. Ou seja, o Índice FipeZap de Locação não mede a variação dos contratos vigentes. "Assim, mostramos de forma mais dinâmica como a demanda e a oferta por moradia estão se relacionando", diz o relatório da FipeZap.
Em dezembro de 2015, o retorno médio anualizado com aluguel foi de 4,6%. O preço médio anunciado para locação por m² nas 9 cidades pesquisadas em dezembro foi de R$ 32,28 ao mês. Segundo o levantamento, a cidade com o m² mais caro foi o Rio de Janeiro (R$ 37,79/mês), seguida por São Paulo (R$ 35,88/mês). O aluguel mais barato foi em Curitiba (R$ 16,64/mês).