O processo tradicional de aluguel demanda um fiador assegurando o negócio ou a obrigatoriedade de ter que oferecer um cheque caução. Esse cenário dificulta a jornada para um público que acaba recorrendo ao mercado informal e se sujeitando a condições e ofertas piores.
Para tentar contornar esse cenário, proptechs, fintechs e outras empresas ligadas ao mercado imobiliário estão desenvolvendo soluções para diminuir as burocracias processuais. Uma delas é o Alpop, startup que se propõe a incluir no mercado de locação formal os quase 39 milhões de trabalhadores informais e 63 milhões de negativados, além de estudantes e autônomos.
A companhia se responsabiliza por toda a gestão financeira, cobranças e por arcar com eventuais inadimplências dos aluguéis das famílias de baixa renda. Em troca, ela fica com um percentual que varia de 5% a 12% do valor do pacote, conforme perfil do locatário.
Moradia sem burocracia
Acostumado a morar em casa própria, o Gerente Comercial Cadmu Pradella, 47, precisou buscar um imóvel maior com espaço para instalações médicas quando, em sequência, o pai, o sogro e a sogra ficaram doentes. Sem tempo e cabeça para resolver burocracias, Pradella recorreu ao Alpop para encontrar uma residência que o atenderia na cidade de São Carlos, no interior de São Paulo.
“Minha renda é compatível, mas como eu nunca tinha corrido atrás de um fiador, encontrei burocracias que retardariam bastante o negócio. E eu estava com pressa, por causa do que estava em jogo: a saúde dos meus famíliares”, explica. A alternativa, segundo ele, foi apresentada pela própria imobiliária e o Alpop tornou esse trâmite menos complexo.
Impacto Social
O CEO Caio Belazzi conta que a ideia da startup para oferecer aluguel sem fiador ocorreu quando ele locou um imóvel no bairro Vila Carrão, na zona leste de São Paulo, para conversar e ouvir os moradores da região. “A gente precisa olhar mais para a realidade e não apenas para a Faria Lima”, argumenta. “Uma pessoa que deve o cartão de crédito não é a mesma que tem o histórico de não pagar a conta de luz ou o aluguel.”
Ele conta que sua proposta era a de desenvolver uma empresa de impacto social, com o objetivo de corrigir as falhas no processo de moradia no Brasil. Para isso, a empresa desenvolveu um algoritmo que analisa parâmetros diferentes dos que são utilizados tradicionalmente para a concessão de crédito. “Mantemos esses parâmetros em segredo, porque é a alma do nosso negócio”, adiciona.
“Por conta do uso dessa tecnologia de análise, temos uma taxa média de inadimplência de apenas 4%”, celebra. “Enquanto isso, ajudamos proprietários e imobiliárias que estão perdendo dinheiro por não alugar para esse público, o que impacta negativamente toda a cadeia da construção civil”, pontua. Dessa forma, a empresa já realizou parceria com mais de 100 imobiliárias espalhadas por 20 Estados brasileiros.
Segurança para imobiliárias
O modelo de negócio do Alpop é baseado na parceria com as imobiliárias. A startup se assegura de toda a gestão financeira, passando pela cobrança e contato com o inquilino e até eventuais ações de despejo. A companhia também garante o repasse mensal dos aluguéis mesmo que os inquilinos não tenham, de fato, efetuado o pagamento naquele mês.
Em troca, é cobrada uma taxa do proprietário do imóvel. É um percentual de 6% até 12% do valor do aluguel, que é retido antes do repasse. “O inquilino paga o boleto com os valores negociados com a imobiliária e quem sofre o abatimento (desconto), na prática, é o proprietário”, explica Caio.
Também visando a democratização do acesso à moradia, a Creditas, fintech de soluções financeiras, e a Zap+, braço focado em imóveis do grupo OLX Brasil, anunciaram uma parceria que teve como principal fruto o produto Aluguel em Dia. Esta é uma ferramenta em que a Creditas fica responsável por todo o trâmite de cobrança e faz o pagamento em dois dias úteis em caso de atraso dos inquilinos.
Dessa forma, a empresa oferece seguranças às imobiliárias e abre caminho para que elas não cobrem uma garantia locatícia, como caução ou fiador no momento de fechar o contrato de aluguel. A empresa também se responsabiliza por atrasos no pagamento dos impostos, gás, condomínio, e, dependendo do plano, da pintura e de outras obras no apartamento.
Matéria publicada em 01/12/2022