O volume de imóveis acima de R$ 1,5 milhão lançados nas 25 capitais e regiões metropolitanas do Brasil cresceu 34,1% no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. O valor geral de venda (VGV) dessas unidades foi 17,9% maior, assim como o total de vendas: quase 10% acima. De fato, os números não mentem: o mercado imobiliário de alto padrão no Brasil viveu meses gloriosos entre julho e setembro. Mas ainda não é hora de comemorar.
Os dados acima estão no estudo inédito “Mercado de Luxo Nacional — 3º Trimestre”, da Brain Inteligência Estratégica. O relatório analisa a performance do setor nos meses de julho, agosto e setembro, e ainda compara os resultados deste ano até aqui em relação a 2022.
“É um momento de otimismo cauteloso, eu diria. Os segmentos luxo e superluxo foram muito bem, sim, até porque a performance do primeiro semestre foi muito acanhada”, analisa Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain.
Segundo ele, é preciso lembrar que a base de comparação é o segundo semestre do ano passado — período eleitoral que gerou apreensão na economia e represamento de lançamentos por parte das incorporadoras. Mesmo assim, os resultados impressionaram o analista.
No contexto nacional, todas as regiões tiveram seus momentos positivos no terceiro trimestre do ano. O Centro Oeste, por exemplo, liderado por Goiânia (GO), tem ganhado protagonismo.
A região registrou 39,8% de crescimento sobre o valor geral das unidades lançadas (VGL) e ficou em segundo lugar no ritmo de vendas de imóveis de luxo no país: 65,3% a mais diante do mesmo período de 2022. Isso levou a um VGV no trimestre 80,3% maior. “É um mercado que cresce de maneira consistente há anos na esteira do agronegócio. A capital goiana se destaca porque está rompendo com a tradição dos loteamentos de casas e passando a oferecer apartamentos de luxo”, diz Araújo.
Outros números surpreendentes vêm do Norte e do Nordeste. Liderada por Manaus (AM), a Região Norte explodiu sua oferta de imóveis de alto padrão em 402,4% desde o começo do ano. Também foi onde houve mais aceleração nas vendas desse tipo de produto imobiliário entre janeiro e setembro: 106,8% acima na comparação com o mesmo período há um ano.
O Nordeste também cresceu 37,2% em unidades lançadas neste ano (48,4% no trimestre). Uma média muito boa, que rendeu ao mercado nordestino uma expansão de 579,7% no VGL até setembro.
Quanto ao Sul do país, Araújo detecta uma euforia menor. A consolidação do segmento de luxo e superluxo imobiliário na região começou bem antes. Isso se reflete na oferta mais madura do último trimestre, que apresentou redução de quase 20%. “No entanto, o VGL cresceu 34%. Ou seja, os projetos e o metro quadrado dos bairros nobres das cidades estão mais caros”, pondera.
SUDESTE
No maior mercado imobiliário de alto padrão, os resultados do trimestre também são robustos. A região registrou um crescimento de 63,3% no total de unidades lançadas, com VGL 41,9% maior do que no mesmo trimestre de 2022. No total de imóveis de luxo vendidos, alta de 76,2%, com 1.593 contratos fechados. O VGV do período foi 126,4% maior: R$ 5,5 bilhões.
“Para mim, há um motivo especial para esse crescimento no alto padrão do Sudeste: as incorporadoras têm lançado projetos mais atraentes, assinados por grandes arquitetos ou em parceria com grifes internacionais. Isso desperta o desejo do comprador de alta renda, mesmo com as aplicações financeiras rendendo muito mais do que o investimento em imóveis”, analisa o CEO da Brain.
Já no acumulado do ano, o Sudeste ocupou posições mais intermediárias no estudo. Foi só a quarta colocada em unidades lançadas e VGL até setembro. No percentual de vendas totais, também ficou em quarto lugar. Já no VGV do ano, foi o que cresceu menos: 21,3%. Contudo, isso representou R$ 14,3 bilhões em negócios, mais do que a soma de todas as demais regiões juntas.
Para Araújo, o melhor pode ainda estar por vir. “O último trimestre tende a ser ainda mais positivo, sobretudo pelo estímulo dado com os resultados do período anterior. As incorporadoras devem lançar mais, a taxa de juros deve continuar caindo. Esse cenário indica que podemos ter o melhor ano do segmento de alto padrão de toda a história”, conclui Araújo. Que venha 2024!