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13/03/2019

Apesar de desafios, Tenda é otimista com baixa renda

Para 2019, a companhia projeta vendas líquidas de R$ 1,95 bilhão a R$ 2,15 bilhões, ante o valor de R$ 1,855 bilhão do ano passado

A Tenda esta otimista em relação ao segmento de baixa renda, embora considere o cenário mais desafiador diante de aumento da concorrência por recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), no médio e no longo prazos, devido à entrada de incorporadoras dos padrões médio e alto no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Para 2019, a companhia projeta vendas líquidas de R$ 1,95 bilhão a R$ 2,15 bilhões, ante o valor de R$ 1,855 bilhão do ano passado.

"A Tenda tem conseguido melhorar seu desempenho por meio do ganho de participação de mercado. Temos um custo de construção competitivo, que permite preços de venda competitivos", afirma o diretor financeiro e de relações com investidores, Renan Sanches. O executivo ressalta que a presença do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida nas regiões metropolitanas ainda é baixa e que o modelo de negócios da incorporadora "funciona muito bem".

A Tenda obteve retorno sobre patrimônio (ROE) de 17%, no ano passado, ante o indicador de 9,7% de 2017. Foi a primeira vez em que esse retorno ficou acima do custo de capital que a empresa tem para operar, segundo Sanches. O patamar superou também a expectativa que a companhia tinha no início de 2018.

Ainda não esta claro, conforme o executivo, se será possível manter esse patamar de ROE em 2019. Por um lado, a companhia projeta margem bruta ajustada de 34% a 36%, abaixo dos 36,3% registrados em 2018. Por outro lado, não há, no momento, expectativa de novas contingências relacionadas ao legado dos projetos antigos. No quarto trimestre, a Tenda fez provisões relacionadas a duas causas de despesas judiciais que geraram impacto conjunto de R$ 12 milhões.

A companhia elevou seu lucro líquido, de outubro a dezembro, em 32,5%, na comparação anual, para R$ 48 milhões. A receita líquida aumentou 27,3%, para R$ 454,6 milhões.

No trimestre, a Tenda gerou caixa de R$ 68,9 milhões e, no acumulado de 2018, de R$ 261,4 milhões. "O esgotamento de recursos do FGTS [para o Minha Casa, Minha Vida] afetou os repasses do trimestre, mas tivemos uma boa geração de caixa", diz o diretor de relações com investidores.

A companhia tinha caixa líquido de R$ 313,1 milhões no fim do ano passado. A alavancagem medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido ficou negativa em 26%. A Tenda tem como meta de longo prazo manter esse indicador entre -10% e 10%.

Em janeiro e parte de fevereiro, as incorporadoras com atuação na baixa renda enfrentaram cenário de mais restrições nas contratações e nos repasses dos recebíveis dos clientes para os bancos em decorrência de impactos da mudança de governo, como a incorporação do Ministério das Cidades pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. Segundo Sanches, a Tenda espera que os repasses fiquem "próximos da normalidade" no primeiro trimestre, situação observada desde o fim de fevereiro.

Neste ano, a faixa 1,5 do Minha Casa, Minha Vida vai responder por patamar entre 20% e 30% das vendas da Tenda. Em 2018, o segmento respondeu por 55% das vendas, e a faixa 2 ficou com a fatia de 45%. A faixa 1,5 passou a ter mais restrições orçamentárias e limites por empreendimentos devido a mudanças de regras anunciadas pelo governo federal no fim de dezembro.

A maior concentração prevista de unidades na faixa 2 não demanda alteração nos projetos nem compra de terrenos para o segmento, mas alteração na forma de contratação com a Caixa Econômica Federal. A faixa 1,5 tem velocidade de vendas superior à da faixa 2 por ter mais subsídios.

FONTE: VALOR ECONôMICO