Notícias

27/09/2021

Apesar de Selic em alta, incorporadoras veem bom momento para crédito

De acordo com Abrainc, com taxas abaixo de dois dígitos e ajuste na linha de crédito da poupança feita pela Caixa, são positivas para o setor

Na última semana, o Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, em um ponto percentual, chegando a 6,25% ao ano. A taxa básica de juros serve como guia para outras taxas, assim, quanto mais alta, mais caros tendem a ficar os empréstimos. Apesar da alta nos juros, esse ainda é um bom momento para o crédito imobiliário, avalia a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

 

Em 2021, a Selic passou de 2% ao ano para os atuais 6,25%. No mês de agosto, enquanto a taxa básica de juros estava em 5,25%, os  financiamentos imobiliários com recursos  das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram 21,01 bilhões de reais, montante 11,8% maior que o registrado em julho. a comparação com agosto do ano passado, cresceu 79,2%, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). “As condições para aquisição da casa própria permanecem atraentes, a contratação de crédito imobiliário continua crescendo e a elevação da Selic não vai inviabilizar os planos de quem está em busca de um imóvel”, afirma Luiz França, presidente da Abrainc.  

 

Linha poupança

A linha Poupança +, que a Caixa baixou os juros, representa atualmente 17% dos contratos de financiamento, afirma a Abrainc. Nos cálculos da associação, a redução anunciada na taxa de financiamento representa um aumento de 6% no poder de compra de um imóvel e pode incluir 927 mil famílias elegíveis para financiamento pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo.

 

As novas condições da linha, que estarão disponíveis a partir de outubro, são uma taxa de juros de 2,95% mais a remuneração da poupança. A redução foi feita nessa taxa pré-fixada. De acordo com o Banco, o movimento foi possível porque se mexeu no spread bancário. Spread é a diferença entre os juros pagos pelos bancos ao captar dinheiro no mercado e a taxa efetivamente cobrada quando esse dinheiro é emprestado aos clientes. “Fizemos esse movimento exatamente porque o nosso spread bancário aumentou. Quanto maior a taxa de juros Selic, sem mexer nada no resto, maior é o ganho de todo o banco, em especial o que tem captação barata”, explicou Pedro Guimarães, presidente do banco, em ocasião do anúncio da redução. 

 

Apesar da redução da taxa, é preciso que o cliente faça as contas antes de contratar o crédito imobiliário pela nova linha porque, com o movimento contínuo de alta da Selic, a remuneração da poupança pode ter efeitos e, com isso, afetar as parcelas do financiamento. Isso porque o rendimento da poupança equivale a 70% da Selic mais a TR (taxa referencial, atualmente zerada), sempre que a taxa básica de juros estiver em até 8,5% ao ano. Hoje, com a Selic a 6,25% ao ano, a poupança rende 4,28%. Caso a Selic passe de 8,5% ao ano, a poupança passa a render 6,17% ao ano. De acordo com as previsões do mercado financeiro, a taxa de juros deve encerrar este ano em 8,25% e o próximo ano em 8,5%.

 

Vale lembrar que, o movimento de alta da Selic está relacionado a aceleração da inflação, que alcançou 9,68% em agosto. França, da Abrainc, acredita que a inflação tende a se normalizar em 2022, e assim, a alta dos juros pode ser interrompida. “Não vejo a Selic acima de dois dígitos. Neste momento não acredito que vá superar. Por isso, o cenário é visto como positivo pelo mercado imobiliário”.

FONTE: VEJA