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20/08/2018

Apesar do dólar alto, cresce 'poupança' de brasileiros em pontos de fidelidade

Depois de recuar dois anos seguidos, o estoque de pontos em programas de fidelidade cresceu 13% em 2017 na comparação com o ano anterior, segundo dados divulgados pelo Banco Central

O brasileiro voltou a acumular milhas no cartão de crédito - e está aproveitando-as cada vez mais. Depois de recuar dois anos seguidos, o estoque de pontos em programas de fidelidade cresceu 13% em 2017 na comparação com o ano anterior, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Além disso, a quantidade de pontos expirados caiu 32%, mostrando que o consumidor tem buscado mais maneiras de converter milhas em benefícios.

No ano passado, os pontos de programas de recompensa somaram 209,3 bilhões, ante 184 bilhões em 2016. O avanço chama a atenção por ocorrer mesmo em meio ao dólar caro. Em 2017, a cotação média do dólar foi de R$ 3,19 - inferior à média de 2016, mas ainda elevado. Normalmente, US$ 1 gasto no cartão resulta em uma milha. Assim, quando a moeda americana se valoriza, são gerados menos pontos - o que ajudou a derrubar o estoque acumulado nos últimos anos, depois do auge desse segmento, em 2014.

"Um dos motivos desse crescimento é a estagnação econômica, que elevou muito a procura por programas de fidelidade", afirma Ronald Domingues, diretor financeiro da Multiplus, parceira da companhia aérea Latam. "As pessoas começaram a pesquisar mais sobre como podiam viajar ou trocar algum eletrodoméstico sem colocar a mão no bolso."

Outra razão, aponta ele, é o aumento de cartões das categorias chamadas intermediárias ou premium, segundo mostra o mesmo levantamento do BC. Esses cartões têm mais vantagens e podem pontuar mais que cartões básicos - única categoria que recuou no ano passado. "O cliente vem demandando cartões com mais benefícios e os bancos vêm respondendo, de olho na concorrência do mercado." Leonel Andrade, presidente da Smiles, parceira da Gol, completa: "Os cartões que geram mais aderência são os que dão mais vantagens em programas aéreos, que têm uma percepção de valor muito grande para os clientes."

Varejo - Não são só os bancos que estão de olho nesse mercado, ao lançarem cartões em parceria com programas de fidelidade ou diminuírem a quantidade mínima de transferência de pontos do cartão para determinado programa. O varejo não financeiro e os serviços, que até pouco tempo atrás ficavam de escanteio nesse mercado, começam a aparecer mais. Os programas têm realizado mais parcerias com empresas de setores diversos, nas quais o cliente acumula mais pontos. A Smiles, por exemplo, é parceira do Uber e da Localiza. A Multiplus, da rede Ipiranga e do Ponto Frio.

"A participação dos bancos no acúmulo dos pontos era de 80% e agora já é menos de 60%", informa Domingues, da Multiplus. "Em contrapartida, 30% dos pontos hoje vêm dos nossos parceiros do varejo, sendo que até pouco tempo era nada."

Se no acúmulo de pontos o varejo cresceu, no resgate continua ofuscado pelas viagens. Segundo dados da Associação Brasileira do Mercado de Fidelização (Abemf) do primeiro trimestre de 2018, 74,4% dos pontos são utilizados na compra de bilhetes aéreos. Os destinos nacionais mais procurados são Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília; entre os internacionais, a preferência é por Orlando, Miami e Santiago. Na Smiles, a busca por voos é ainda maior, chegando a 90%. "O nosso foco sempre vai ser viagem e entretenimento", diz Andrade.

Com o aumento de estoque, no entanto, uma das principais reclamações dos consumidores, inclusive para órgãos de defesa do consumidor, é a "inflação" das milhas, ou seja, a exigência de mais pontos para determinados trechos. Questionadas, as empresas afirmam que a precificação dinâmica leva em conta oferta e demanda - mais precisamente, se o avião está cheio ou não. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO