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05/07/2021

Após crise, setor cimenteiro passa por consolidação de ativos

CRH e Elizabeth mudaram de donos e LafargeHolcim pôs suas fábricas no país à venda em abril

A indústria de cimento no Brasil vive uma era de ebulição, impulsionada pela recuperação do consumo, melhores preços, consolidação de ativos e ida de empresas à Bolsa. É esperado mais um ano de crescimento das vendas, após 3,4% em 2019 e os 11% do ano passado, puxado por obras do setor imobiliário, autoconstrução e o consumo “formiguinha” (varejo).

 

Os números do primeiro semestre, a serem conhecidos nos próximos dias, deverão mostrar vendas em torno de 32 milhões de toneladas de janeiro a junho. O volume é 18,5% superior às 27 milhões de toneladas do mesmo período de 2020, quando houve impacto de chuvas e da covid-19 durante os primeiros quatro meses. A expectativa é que as vendas cresçam entre 5% e 7% este ano e 2021 registre total de 65 milhões de toneladas.

Esse cenário traz alívio ao setor, que amargou quatro anos de depressão no consumo (2016 a 2018) - acumulado de 27% -, com forte redução nos preços de venda e paralisação de mais de 20 fábricas. Aos poucos, as empresas começaram a recompor margens e a reativar fornos de cimento.

Com 24 fabricantes no país - de pequenas empresas regionais a grupos gigantes locais e estrangeiros -, a indústria vive, desde o ano passado, o início de um processo de consolidação de ativos. Antes, de 2016 a 2020, passou por uma fase de capitalização de empresas atingidas pela crise. A grega Titan adquiriu 50% da Apodi, a italiana Buzzi comprou metade da Brennand Cimentos, a francesa Vicat assumiu o controle da Ciplan e o fundo Farallon ficou com a Elizabeth para receber dívida.

 

No fim de 2020, após alguns anos de operação deficitária, a irlandesa CRH anunciou a venda das suas operações de cimento no Brasil. O comprador, com suporte financeiro da Buzzi, foi a Brennand, tornando-se quinta maior no país em capacidade instalada.

Há três meses, em uma decisão surpreendente, a LafargeHolcim (terceira do setor) anunciou que estava deixando o Brasil após mais de 60 anos de atuação. Várias companhias de cimento locais estão se movimentando para levar ao menos uma das dez fábricas do grupo franco-suíço - Votorantim Cimentos, CSN, Mizu, entre outras.

Na semana passada, após um mês de negociações, a CSN Cimentos adquiriu a Elizabeth.

No momento, InterCement, a segunda do setor, e a CSN buscam atrair investidores para a abertura de capital, com ações previstas para serem negociadas na B3 em meados do mês e início de agosto, captando mais de R$ 6 bilhões. 

FONTE: VALOR ECONôMICO