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21/02/2020

Arranjo institucional inadequado piora o déficit habitacional, diz Campos

Em cerimônia no Palácio do Planalto, presidente do Banco Central afirmou ainda que recursos liberados por redução de compulsórios não estão mais empoçados

Grande parte do déficit habitacional que o Brasil tem hoje se deve a um arranjo institucional pouco adequado, afirmou nesta quinta-feira o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, durante cerimônia no Palácio do Planalto em que a Caixa lançou uma nova modalidade de crédito imobiliário, com juros fixos. “O Banco Central está tentando endereçar e olhar este problema como um todo. Nosso histórico de juros e inflação altos não permitiria que estivéssemos aqui fazendo hoje este lançamento. Isso não ocorreria sem o programa de reformas do governo. Por isso, precisamos continuar com as reformas”, afirmou.

“Não teríamos juros baixos e uma inflação controlada se não fosse o programa de reformas que o governo está fazendo”, observou. “Nós precisamos continuar no programa de reformas, é isso que vai dar sustentação nos juros baixos e no crédito com juros baixos, uma precificação mais eficiente da economia”, destacou.

Ele listou diversas medidas que estão sendo tomadas pelo BC para tentar resolver a questão, como regras para facilitar a portabilidade do crédito entre os bancos e o 'home equity', quando alguém que já tem o imóvel o usa como garantia em um empréstimo.

“Estamos desenhando várias medidas para que 'home equity' tenha um aprofundamento. Como temos pouco financiamento e muito imóvel parado, o 'home equity' é forma de colocar dinheiro no sistema.”


Ele lembrou ainda que o BC liberou R$ 20 bilhões em compulsórios em meados de 2019, mas disse que inicialmente esse dinheiro ficou empoçado nos bancos.

“Agora, com medidas tomadas, esse empoçamento caiu e fizemos nova liberação de compulsórios”, comentou.

O BC anunciou nesta quinta-feira mudanças nos depósitos compulsórios que vão resultar na liberação de R$ 135 bilhões na economia.

Campos Neto também afirmou que o setor imobiliário tem sido um motor do crescimento e geração do emprego. “Criamos várias regras no sentido de ter mais portabilidade entre bancos, mais financiamento, menos custo, mais inclusão e melhor alocação de recursos. [...] O canal de crédito imobiliário está funcionando e vai proporcionar para muito gente o sonho da casa própria.”

 

O dirigente do BC destacou que o crédito imobiliário é um dos pilares do programa da autoridade monetária para fomentar e aperfeiçoar o mercado de crédito. Na avaliação dele, grande parte do déficit habitacional existe por um rearranjo institucional pouco adequado em otimizar o valor imobiliário da sociedade. “Não tem mercado, não tem forma de precificação, não sabe quanto vale o imóvel”, contou. “Crédito imobiliário é chave desse processo, nesse processo de crescimento e reinvenção. Nosso histórico de inflação alta e juros altos não permitiria que a gente estivesse aqui hoje fazendo esse lançamento.”

Campos afirmou ainda que está desenhando várias medidas para que o imóvel seja utilizado como garantia para outros empréstimos. Ele ressaltou que foram adotadas medidas para estimular a portabilidade do crédito para gerar competição bancária.

FONTE: VALOR ECONôMICO