Grande parte do déficit habitacional que o Brasil tem hoje se deve a um arranjo institucional pouco adequado, afirmou nesta quinta-feira o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, durante cerimônia no Palácio do Planalto em que a Caixa lançou uma nova modalidade de crédito imobiliário, com juros fixos. “O Banco Central está tentando endereçar e olhar este problema como um todo. Nosso histórico de juros e inflação altos não permitiria que estivéssemos aqui fazendo hoje este lançamento. Isso não ocorreria sem o programa de reformas do governo. Por isso, precisamos continuar com as reformas”, afirmou.
“Não teríamos juros baixos e uma inflação controlada se não fosse o programa de reformas que o governo está fazendo”, observou. “Nós precisamos continuar no programa de reformas, é isso que vai dar sustentação nos juros baixos e no crédito com juros baixos, uma precificação mais eficiente da economia”, destacou.
Ele listou diversas medidas que estão sendo tomadas pelo BC para tentar resolver a questão, como regras para facilitar a portabilidade do crédito entre os bancos e o 'home equity', quando alguém que já tem o imóvel o usa como garantia em um empréstimo.
“Estamos desenhando várias medidas para que 'home equity' tenha um aprofundamento. Como temos pouco financiamento e muito imóvel parado, o 'home equity' é forma de colocar dinheiro no sistema.”
Ele lembrou ainda que o BC liberou R$ 20 bilhões em compulsórios em meados de 2019, mas disse que inicialmente esse dinheiro ficou empoçado nos bancos.
“Agora, com medidas tomadas, esse empoçamento caiu e fizemos nova liberação de compulsórios”, comentou.
O BC anunciou nesta quinta-feira mudanças nos depósitos compulsórios que vão resultar na liberação de R$ 135 bilhões na economia.
Campos Neto também afirmou que o setor imobiliário tem sido um motor do crescimento e geração do emprego. “Criamos várias regras no sentido de ter mais portabilidade entre bancos, mais financiamento, menos custo, mais inclusão e melhor alocação de recursos. [...] O canal de crédito imobiliário está funcionando e vai proporcionar para muito gente o sonho da casa própria.”
O dirigente do BC destacou que o crédito imobiliário é um dos pilares do programa da autoridade monetária para fomentar e aperfeiçoar o mercado de crédito. Na avaliação dele, grande parte do déficit habitacional existe por um rearranjo institucional pouco adequado em otimizar o valor imobiliário da sociedade. “Não tem mercado, não tem forma de precificação, não sabe quanto vale o imóvel”, contou. “Crédito imobiliário é chave desse processo, nesse processo de crescimento e reinvenção. Nosso histórico de inflação alta e juros altos não permitiria que a gente estivesse aqui hoje fazendo esse lançamento.”
Campos afirmou ainda que está desenhando várias medidas para que o imóvel seja utilizado como garantia para outros empréstimos. Ele ressaltou que foram adotadas medidas para estimular a portabilidade do crédito para gerar competição bancária.