O futuro da Tecnisa pode começar a ser decidido hoje, em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de acionistas, desde que haja participação de dois terços deles. O placar entre os que se comprometeram a votar com o fundador da Tecnisa, Meyer Nigri, contra a fusão com a concorrente, e os que apoiam as propostas feitas pela Gafisa para associação das duas companhias está bastante apertado, segundo fonte ouvida pelo Valor.
A Tecnisa não se pronunciou. A Gafisa disse ter sido procurada por muitas pessoas “a favor da proposta e que acreditam no projeto”, mas não informou o percentual estimado que tende a votar a seu favor entre os acionistas da Tecnisa.
Em 19 de agosto, a incorporadora dos Nigris divulgou ter recebido proposta não solicitada da Gafisa de combinação de negócios das duas. A Gafisa participa da Tecnisa por meio do fundo Bergamo, que tem 5,23% da companhia, de acordo com informação do dia 27.
Na AGE, os acionistas da Tecnisa vão votar sobre a possibilidade, proposta pela Gafisa, de elevar para 30% o limite que obriga um detentor de papéis da companhia a realizar oferta pela totalidade das ações. A gestão da Tecnisa se opõe à mudança proposta.
Se a questão for aprovada, Gafisa poderá, via compra de ações no mercado, até superar a fatia de cerca de 26% detida pela família Nigri (controladora da companhia), se tornando a maior detentora de papéis, sem esbarrar no limite que aciona o mecanismo de dispersão acionária.
A Gafisa propõe prosseguimento dos estudos para potencial integração de negócios entre as duas incorporadoras. Também será votada, na AGE, a autorização para que seja feito aumento de capital no valor de até R$ 500 milhões. Se a capitalização for aprovada, o controlador da Tecnisa corre o risco de ser diluído em caso de não aderir à operação.
O controlador da Tecnisa e alguns acionistas, como Cyrela e fundos de investimento, fecharam acordo de votos. Esse grupo, que possui 33% da incorporadora, se comprometeu a não vender ações e a rejeitar a proposta de fusão. No fim de agosto, segundo fontes, quando incluídos acionistas próximos ao controlador que não fazem parte do acordo, o percentual chegava a patamar entre 40% e 45%.
As ações da Tecnisa fecharam ontem com queda de 1,67%%, cotadas a R$ 11,21. Os papéis da Gafisa tiveram desvalorização de 2,90%, cotados a R$ R$ 4,68.