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26/11/2015

Assessores da Cetip vão avaliar outras opções, além da BM&F

A BM&FBovespa ofereceu R$ 39 por ação da Cetip, sendo o pagamento metade em ações, metade em dinheiro. O valor acabou por colocar uma trava para a valorização das ações da Cetip na bolsa, que haviam subido quase 15% depois do anúncio da negociação.

Daniela Meibak e Ana Paula Ragazzi

Alvo de uma oferta feita pela BM&FBovespa, o conselho de administração da Cetip contratou a assessoria financeira de Morgan Stanley e Itaú BBA para avaliar essa proposta, mas também buscar outros potenciais compradores para a empresa. "A Cetip não está à venda, mas cabe ao conselho de administração analisar todas as opções possíveis antes de tomar uma decisão. Os assessores vão buscar outros compradores, seja para a empresa inteira, seja para parte dela", afirma o presidente da Cetip, Gilson Finkelsztain.

"O que não pode acontecer é a Cetip ser vendida por um preço e mais para a frente a bolsa vender ela por um valor mais caro. É preciso se cercar das possibilidades."

Duas semanas depois de ambas empresas confirmarem estar em negociação, a BM&FBovespa lançou uma "proposta não vinculante" para a Cetip. Com essa característica, legalmente falando, a proposta não tem valor nenhum, pois não é uma oferta firme. Em tese, apurou o Valor, a Cetip nem precisaria responder à proposta. Mas, como trata-se de uma empresa de capital pulverizado, sem controlador definido, o conselho poderia ser cobrado por algum acionista por não ter avaliado a oportunidade.

Ofertas não vinculantes não costumam ser divulgadas publicamente pelos negociadores. Ao fazer isso, a BM&FBovespa acabou colocando pressão na Cetip para decidir sobre o assunto. E ao contratar os assessores para buscar oportunidades, a Cetip devolve a pressão à BM&FBovespa, que certamente terá de melhorar a oferta.

A BM&FBovespa ofereceu R$ 39 por ação da Cetip, sendo o pagamento metade em ações, metade em dinheiro. O valor acabou por colocar uma trava para a valorização das ações da Cetip na bolsa, que haviam subido quase 15% depois do anúncio da negociação.

Como a proposta envolve ações da BM&FBovespa, passa a pesar no cálculo as perspectivas de ambas as empresas. Mundialmente falando, o negócio da Cetip, de renda fixa, cresce mais do que o da BM&FBovespa, mais focado em ações e futuros. Para a Cetip, o potencial de valorização dos negócios tem de entrar na conta. E, do ponto de vista dela, suas ações deveriam estar avaliadas na casa dos R$ 44.

Outro ponto desejado pela Cetip, segundo apurou o Valor, é que a parte paga em ações da BM&FBovespa seja reduzida. A negociação também deverá prever um período de restrição à venda ("lock up") aos atuais acionistas, para evitar pressão vendedora das ações após a fusão. Para a BM&FBovespa, que já entregou a seus acionistas melhorias de custos e operacionais, apenas um evento societário poderia gerar mais valor ao negócio.

O conselho de administração da Cetip se reúne na próxima semana com os assessores para dar início aos estudos. Finkelsztain lembra que as negociações acontecem há cerca de seis anos, mas que hoje estão mais fortes. "A operação não está mais em estágios preliminares, nem na iminência de sair", diz. 

 

FONTE: VALOR ECONôMICO