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13/09/2017

Ata reforça intenção do BC de reduzir ritmo de corte da Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) comunicou com clareza sua intenção de promover uma redução no ritmo de corte da Selic no encontro de outubro e de conduzir um encerramento gradual do ciclo iniciado em outubro do ano passado, mas optou por manter a flexibilidade explicitando custos e benefícios dessa estratégia, bem como as condicionalidades impostas pelo cenário básico e balanço de riscos.

Ata reforça intenção do BC de reduzir ritmo de corte da Selic (Valor Economico - 13/09/2007) 

Por Eduardo Campos e Alex Ribeiro | De Brasília

O Comitê de Política Monetária (Copom) comunicou com clareza sua intenção de promover uma redução no ritmo de corte da Selic no encontro de outubro e de conduzir um encerramento gradual do ciclo iniciado em outubro do ano passado, mas optou por manter a flexibilidade explicitando custos e benefícios dessa estratégia, bem como as condicionalidades impostas pelo cenário básico e balanço de riscos.

Na semana passada, o colegiado presidido por Ilan Goldfajn cortou a Selic em 1 ponto percentual, para 8,25% ao ano, e indicou como adequado, neste momento, uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária, o que elevou as apostas de corte de 0,75 ponto no próximo encontro.

Na ata, os membros do colegiado defenderam a necessidade de manter a flexibilidade para a política monetária reagir a contento em caso de mudanças no cenário básico e no balanço de riscos.

Dentro desse contexto, os membros partiram para o debate sobre o ritmo de corte e eventual sinalização sobre o encerramento do ciclo. "De forma geral, os membros do Comitê concordaram que, tudo o mais constante, há benefícios em se promover encerramento gradual de ciclos monetários", diz a ata.

Entre os benefícios listados estão a facilidade de comunicação e a possibilidade de se acumular evidências sobre o comportamento da atividade.

Por outro lado, o Copom ponderou que em alguns casos excepcionais a necessidade de antecipação tempestiva do ciclo pode trazer benefícios maiores que os de um encerramento gradual.

"Avaliando as circunstâncias atuais, o Copom julgou conveniente sinalizar que, caso o cenário básico evolua conforme esperado no momento, o Comitê antevê encerramento gradual do atual ciclo de flexibilização monetária", diz a ata.

O Copom também avaliou que a política monetária tem flexibilidade para reagir a riscos que existem no cenário para ambos os lados. Tanto ao risco de que efeitos secundários do choque de alimentos e propagação do nível corrente baixo de inflação venham a produzir inflação futura abaixo do esperado, quanto ao risco de um possível impacto inflacionário proveniente de um eventual revés do cenário internacional num contexto de frustração das expectativas com ajustes e reformas.

Para o colegiado do BC, a aprovação e implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira são fundamentais para a sustentabilidade do ambiente com inflação baixa e estável, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de juros estrutural da economia.

A ata reforça o entendimento de que as atuais taxas de juros reais ex-ante já têm efeito estimulativo sobre a economia. O juro real, considerando o swap de 360 dias descontado o IPCA projetado em 12 meses oscila ao redor de 3% a 3,5% ao ano.

Para o Copom, a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. E isso decorre de expectativas de inflação ancoradas, medidas de inflação subjacente em níveis baixos, projeções de inflação ligeiramente abaixo da meta para 2018 e elevado grau de ociosidade na economia. Essa observação é que abre espaço para apostas de juro baixo por prolongado período de tempo.

O BC também tem uma avaliação melhor sobre a atividade, afirmando que a economia deve seguir em trajetória de recuperação gradual, cujos primeiros sinais já são perceptíveis e que, à medida que a recuperação avança, o crescimento do consumo deveria abrir espaço para a retomada do investimento. Também há sinais de recuperação do emprego.

A ata dedica alguns parágrafos à avaliação sobre os preços de alimentos, cujo comportamento favorável persiste até o momento, e explica que essa queda intensa constitui uma substancial surpresa desinflacionária, que responde por parcela relevante da diferença entre as projeções de inflação para 2017, que rondam os 3%, e a meta de 4,5% vigente para este ano.

O BC pondera, no entanto, que tanto as projeções quanto as expectativas para 2018 embutem alguma normalização da inflação de alimentos. Mas que uma normalização mais lenta constitui risco baixista para essas projeções. A retomada da atividade também atua no sentido de gradualmente levar a inflação em direção à meta ao longo de 2018.

A avaliação sobre a conjuntura internacional é que ela segue favorável, com recuperação gradual da atividade, sem pressão sobre as condições financeiras nas economias avançadas. Também foi enfatizada a maior capacidade da economia brasileira em absorver eventual revés externo devido à situação robusta de seu balanço de pagamentos e ao ambiente com inflação baixa, expectativas ancoradas e perspectiva de recuperação econômica. 

 

FONTE: (VALOR ECONOMICO - 13/09/2007)