Em um ambiente de acentuada retração econômica e contração real do crédito, os bancos públicos foram os que registraram o maior aumento no estoque de empréstimos de baixa qualidade no primeiro trimestre. São operações que têm mais de 180 dias de atraso e demandam 100% de provisionamento, classificadas como "H" em escala do Banco Central (BC).
Dados atualizados pelo BC permitem ver o resultado consolidado no encerramento do primeiro trimestre do ano. A Caixa Econômica Federal tem o maior estoque, com R$ 18,994 bilhões de créditos com classificação "H", o que representa uma alta de 6,1% sobre o fim de 2015 e de 16,4% ante o primeiro trimestre do ano passado.
O Banco do Brasil (BB) aparece em segundo lugar em volume, com R$ 18,981 bilhões dessas operações. No entanto, foi a instituição com maior crescimento nos créditos que recebem essa classificação. O estoque de créditos "H" do BB subiu 9,6% sobre o fim do ano e 30% em relação ao primeiro trimestre de 2015.
Ainda entre os bancos públicos, mas com volume menor desse tipo de crédito, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fechou o primeiro trimestre com R$ 473,845 milhões em operações vencidas há mais de 180 dias. O volume representa uma alta de 30% sobre o fim de 2015 e um avanço de 58% em relação a março do ano passado.
Entre os bancos privados, o Bradesco é o que apresenta o maior estoque de créditos com risco nível "H". No fim do primeiro trimestre, a instituição tinha um estoque de R$ 13,658 bilhões em operações com esse perfil. O montante representa alta de 2,9% no comparativo trimestral e de 25% sobre o mesmo período do ano passado.
O Itaú vem logo em seguida, com R$ 13,594 bilhões no fim de março. Houve um aumento marginal, de 0,3%, em relação a dezembro. No entanto, o número cresceu 18,2% em um ano. No fim do primeiro trimestre, o Santander tinha R$ 8,092 bilhões desses créditos, com aumento de 1,9% sobre dezembro e alta de 22,8% na comparação anual.
De forma geral, os balanços dos bancos no primeiro trimestre mostraram um aumento das provisões para perdas em operações de crédito, com a consequente reclassificação de parte da carteira para níveis que indicam maior risco. A escala criada pelo BC vai de "AA", em que não se exige provisão, até "H", em que a provisão requerida é de 100%.
Quando se olham os números como proporção da carteira total de crédito e arrendamento, porém, a figura é outra. Por esse critério, quem puxa a fila são os bancos privados.
O Santander é o primeiro da lista, com os créditos de pior qualidade equivalentes a 3,8% do total. Na sequência estão Bradesco, com 3,6%, e, Itaú, com 3,4%. Caixa e BB estão empatados com 2,8% e o BNDES aparece com 0,1%.
No fim de março do ano passado, a pior relação era do Bradesco, com 3,4%, seguido do Santander (3%), Itaú (2,8%), Caixa (2,6%), Banco do Brasil (2,2%) e BNDES (0,1%).