As instituições financeiras esperam que o custo e a disponibilidade de recursos para o crédito habitacional tenham desempenho “bastante negativo” no primeiro trimestre deste ano. É o que mostra a Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito (PTC), conduzida pelo Banco Central (BC) com base em respostas concedidas por essas instituições entre 8 e 19 de janeiro. O material foi divulgado hoje pela autoridade monetária.
No documento, o BC afirma que, “de forma geral, houve melhora ou manutenção da percepção dos fatores de oferta” do crédito habitacional no último trimestre de 2023, na comparação com os três meses anteriores. Foi registrada inclusive “avaliação menos negativa sobre o custo/disponibilidade de funding”.
“Contudo, espera-se que este último seja fator bastante negativo [no primeiro trimestre de 2024]”, diz a autoridade monetária.
O BC não cita razões para essa piora. Mas, como mostrou o Valor no início do ano, a caderneta de poupança teve em 2023 o terceiro ano seguido de saque líquido — sequência que não era registrada desde o intervalo entre 1999 e 2001. Com isso, o saldo da caderneta caiu de R$ 1,035 trilhão em 2020 para R$ 983 bilhões no fim do ano passado. O movimento gerou preocupação entre economistas a respeito do impacto negativo que esses saques teriam sobre o financiamento imobiliário.
O desempenho negativo esperado para os recursos imobiliários nos três primeiros meses do ano não deve, no entanto, se repetir em outros setores.
No caso do crédito para grandes empresas, as instituições esperam por exemplo “melhora generalizada nos fatores, com destaque para as condições da economia e a competição entre bancos”.
Já nos empréstimos para micro, pequenas e médias empresas “espera-se continuidade na melhora dos fatores, com destaque para a captação de novos clientes”.
Por sua vez, para o crédito usado por pessoas físicas para consumo “espera-se, de forma geral, prosseguimento da melhora dos fatores de oferta”. Isso “principalmente em decorrência da melhora na percepção sobre o nível de comprometimento de renda do consumidor, o nível de emprego/condições salariais, a inadimplência e a tolerância ao risco”. Outra notícia positiva é que a inadimplência bancária de uma forma geral também deve cair nos três primeiros meses de 2024, de acordo com o PTC.
Já no último trimestre do ano passado as condições de crédito “em geral” foram “mais favoráveis” do que nos três meses anteriores. Um exemplo foi a oferta de crédito para pessoas jurídicas (PJ), que teve comportamento “mais flexível, com destaque para a competição entre bancos no segmento de grandes empresas”.
“Em geral, a demanda por crédito tem sido positiva, impulsionada pela redução nas taxas de juros e, no caso de PJ, também pela necessidade de investimento em ativo fixo e de capital de giro”, disse.