São Paulo - Os bancos estão priorizando os investimentos em inovações tecnológicas, principalmente nos aplicativos em smartphones, como forma de atrair clientes e também para reduzir custos diante da crise econômica brasileira.
O Banco do Brasil, por exemplo, informou que o número de aplicações por meio de aplicativos em celulares cresceu entre dezembro de 2014 e igual mês de 2015, alcançando montante de RS 60 bilhões em investimentos a partir da plataforma mobile.
Do total de aplicações realizadas apenas em poupança, 30% foram provenientes do aplicativo, de acordo com a instituição pública.
"Para nós a regra é mobile. Pensamos em primeiro lugar nos smartphones para tudo que for desenvolvido, por conta de comodidade para os nossos clientes. Com isso, o relacionamento entre o banco e o cliente que era semanal, ou até menos, por meio de uma agência física, passa a ser diário e online", afirmou Marco Antônio Ascoli Mastroeni, diretor de negócios digitais do Banco do Brasil em entrevista ao DCI.
Ainda segundo o diretor de negócios digitais, uma reformulação para aprimoramento do aplicativo - que também inclui os serviços de seguros - realizada em 2015 melhorou a navegabilidade e inseriu novas funcionalidades, como o acesso com o uso da digital trouxe um grande retorno para a instituição financeira no âmbito de serviços on-line. Em dezembro de 2014 o aplicativo tinha aproximadamente de quatro milhões de usuários do mobile, já em dezembro de 2015 o número de usuários subiu para 7,7 milhões. Na mesma base de comparação, as transações no mobile representavam patamar em torno de 14% em 2014 e 33% no ano passado.
"A praticidade gera uma grande utilização [dos clientes] e o canal mobile uma vez acertado pode mudar o patamar e modelo dos negócios [dos bancos]", informou Ângela Beatriz de Assis, diretora da BB Seguridade em palestra realizada ontem na 26ª edição da Ciab Febraban.
Além disso, o aplicativo, agora, possibilita a análise do perfil do investidor, indicando qual o seu nível de risco.
No caso de financiamentos de carros por meio do smartphone, mais da metade das contratações acontece aos finais de semana, quando a agência física da instituição financeira está fechada, chegando a 65% do total de contratações. Desta forma, toda operação começa e termina pelo aplicativo do banco.
"Hoje o cliente pode fazer uma proposta pelo celular. O nosso banco irá fazer uma análise de crédito dele on-line e quando o cliente aceitar essa proposta, conseguimos dar um retorno para ele em 30 minutos. Ano passado chegamos a ter 7% de todo o desembolso, em relação a essa carteira de veículos, provenientes somente dos celulares dos clientes", concluiu Marco Mastroeni.
Para Ricardo Fernandes, country manager da BMC Brasil, cada vez mais os bancos investem em plataformas tecnológicas para atender às novas demandas do mercado financeiro e às necessidades dos seus clientes, mas também há outro fenômeno que influencia esta busca das instituições financeiras por esses recursos.
Segundo ele, os bancos sempre procuraram reduzir seus custos, mas, atualmente, essa preocupação está mais intensa desde o ano passado, diante da situação sócio econômica e política do País atualmente.
"Hoje, o consumidor não quer ir a uma agência para ter os serviços do banco, ele quer fazer tudo pelos smartphones. Não é a toa que a tendência é os bancos realizarem as transações por aplicativos móveis. O cliente busca a inovação e agilidade. Por isso, as instituições investem uma ordem de 20% do total de seus investimentos, isso em relação ao trabalho realizado em parceria com a BMC, que tem a conta de cinco grandes bancos no Brasil", explicou Fernandes.
Seguros - No evento, Gustavo Fosse, diretor setorial de tecnologia e automação bancária da Febraban, destacou ainda que os investimentos das seguradoras em tecnologia têm como objetivo usar a facilidade como aprimoramento para oferecer novos produtos. Apenas o setor de seguros teve investimento de R$ 365 bilhões em 2015 com crescimento de 13% em relação a 2014.
"No Brasil você tem uma população menos satisfeita com a utilização de seguros em canais digitais do que em transações financeiras. Hoje, o País é referência em meios de pagamento, já em relação a seguros estamos defasados. Colocamos no aplicativo um recurso para consultas de aportes para previdência e seguro prestamista e, se compararmos de abril de 2015 com o mesmo mês de 2016, temos R$ 6 milhões em aportes em mobile com crescimento de 60%. A praticidade gera mais utilização e o canal mobile pode mudar o patamar dos negócios", ressalta Ângela.