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05/12/2016

BB reduzirá crédito no exterior pela metade

O corte nas atividades fora do país deve incluir também o fechamento de algumas agências.

Dentro dos esforços para preservar capital e aumentar a rentabilidade, o Banco do Brasil pretende reduzir pela metade as operações de crédito no exterior. O estoque de negócios do BB com clientes fora do país hoje é da ordem de R$ 50 bilhões. "Vamos concentrar os negócios no país, onde o retorno é maior", afirmou o presidente do banco, Paulo Rogério Caffarelli.

A redução ocorrerá de forma gradual conforme as operações vencerem. O plano do BB é manter as linhas de crédito no exterior apenas para os clientes do banco e encerrar as operações com não-correntistas. O corte nas atividades fora do país deve incluir também o fechamento de algumas agências. Já a venda de ativos não está sendo discutida. "Não estamos dedicados a esse tema no momento", disse Caffarelli a jornalistas, depois de participar de evento promovido pelo banco para investidores e analistas da Apimec-SP.

O BB tem como objetivo chegar a 2019 com um índice de capital principal de 9,5%, acima do percentual mínimo de 8% que será exigido com a implementação das regras de Basileia 3. No terceiro trimestre deste ano, o índice estava em 9,07%, um ponto percentual a mais do que no mesmo período de 2015.

Em mais uma sinalização de que o banco pretende perseguir a meta com afinco, Caffarelli disse que parte da remuneração variável dos principais executivos está atrelada à questão do capital.

A melhora na rentabilidade é outra forma por meio da qual o BB pretende melhorar os índices de capitalização sem depender de aportes do Tesouro. O objetivo é aproximar o banco público dos patamares alcançados pelos principais concorrentes privados. No terceiro trimestre, o retorno do BB ficou em 9,9%, contra 19,9% do Itaú Unibanco e 17,6% do Bradesco.

Uma das medidas nessa linha foi o lançamento de um plano de aposentadoria incentivada e de reestruturação da rede de agências. Até quinta-feira passada, 7,76 mil funcionários haviam aderido ao programa, segundo Caffarelli. O prazo de adesão vai até o dia 9 deste mês e tem como alvo 18 mil funcionários que já são beneficiários do INSS ou cumprem os requisitos para aposentadorias do sistema público ou da Previ. A expectativa é que o total chegue a cerca de 10 mil. Os resultados do banco no ano que vem já devem refletir positivamente os efeitos da reestruturação, de acordo com o executivo.

A melhora na rentabilidade do banco também passa pela qualidade dos ativos. A expectativa é que a inadimplência ainda passe por pequenas oscilações. "Mas a leitura que a gente faz é que [o índice de calotes] atingiu o pico", disse. Com relação às despesas de provisão para devedores duvidosos (PDD), a avaliação é que a tendência para 2017 é de queda.

Questionado sobre o desempenho do crédito em 2017, o presidente do BB disse que espera uma melhora em relação a esse ano, mas não deu números. "A retomada do crédito se dará em função da retomada do crescimento econômico", disse.

Na área de infraestrutura, o BB lidera um consórcio de bancos para dar fiança a projetos de infraestrutura no período "pré-completion", ou seja, durante a construção e implantação, segundo Caffarelli. Depois de concluídos, afirmou, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e FI-FGTS podem entrar no financiamento de longo prazo. 

FONTE: VALOR ECONôMICO