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13/11/2015

BB tem lucro estável com piora de inadimplência

Os números levantaram algumas bandeiras amarelas entre analistas, em especial no que diz respeito à qualidade de crédito e à necessidade de capital do banco daqui em diante.

Felipe Marques e Daniela Machado

O Banco do Brasil (BB) registrou no terceiro trimestre um lucro líquido ajustado praticamente estável na comparação com igual período do ano passado, com maiores índices de inadimplência, mas despesas sob controle. Excluindo itens extraordinários, o resultado do banco foi de R$ 2,88 bilhões, com recuo de 0,14% ante 2014. Já o lucro líquido contábil foi de R$ 3,06 bilhões, com crescimento de 10,1% na mesma comparação.

Os números levantaram algumas bandeiras amarelas entre analistas, em especial no que diz respeito à qualidade de crédito e à necessidade de capital do banco daqui em diante. Por outro lado, um rígido controle de custos, em especial considerando as limitações que o banco tem por ser estatal, e o forte desempenho da tesouraria ajudaram a aliviar o peso das más notícias.

Graças ao forte volume de despesas com provisões para absorver possíveis perdas com crédito, o retorno sobre patrimônio (ROE, em inglês) diminuiu. Do segundo para o terceiro trimestre, o retorno acumulado em 2015 caiu de 14,2% para 13,7%. Tanto que o BB cortou a meta para esse indicador no ano, saindo de um intervalo entre 14% a 17% para 13% a 16%. A margem financeira líquida também encolheu 0,9% graças às provisões e ficou em R$ 7,957 bilhões.

O banco público, assim como seus pares privados, aproveitou o efeito positivo extraordinário de R$ 3,405 bilhões sobre seu estoque de créditos tributários, por conta da alíquota maior de CSLL, para constituir reservas diversas, em especial contra um possível aumento de calotes. Foram R$ 2,37 bilhões em provisões extras para devedores duvidosos e R$ 1,79 bilhão para demandas contingentes, incluindo processos envolvendo planos econômicos.

"As despesas com provisão são uma variável muito mais ligada à dinâmica da economia, sobre a qual o banco tem pouco controle. Em outras variáveis que compõem nosso resultado, como a renda de tarifas, a margem bruta e as despesas administrativas, estamos dentro do plano traçado inicialmente neste ano", disse o vice-presidente de gestão financeira do banco, José Maurício Pereira Coelho.

Os índices de inadimplência do banco pioraram no trimestre, puxados pelas operações com empresas, e foram considerados "desapontadores" pelos analistas do BTG Pactual. O índice encerrou o terceiro trimestre em 2,2%, ante 2,04% em junho e 2,09% no mesmo período do ano passado.

A carteira de crédito pessoa jurídica do banco teve 3,1% de inadimplência em setembro, ante 2,72% em junho e 2,68% no mesmo mês do ano passado. Na pessoa física, a inadimplência subiu de 2,16% em junho para 2,17% em setembro. No mesmo mês do ano passado, o índice estava em 2,39%.

O vice-presidente de gestão de riscos do banco, Walter Malieni Jr., afirmou que o indicador está "sob controle" e seguirá abaixo da média do mercado, mas ponderou que o atraso piorou nas companhias de menor porte. O executivo preferiu não estimar quando a inadimplência no BB pode atingir o pico.

O estoque de crédito do banco, considerando avais e fianças, cresceu 9,8% em 12 meses, para R$ 804,6 bilhões, velocidade menor que a mostrada anteriormente graças à desaceleração dos empréstimos para empresas.

"Embora o crescimento menor do crédito mitigue as preocupações acerca do capital do banco, outros fatores (como a rentabilidade) podem piorá-las", escrevem analistas do Goldman Sachs. Na entrevista, Coelho, do BB, voltou a afirmar que o banco está confortável com seu nível atual de capitalização e que ele seguirá acima do exigido pelo regulador.

Entre os destaques positivos, analistas citaram o controle de custos e o desempenho da tesouraria. O resultado da tesouraria do banco foi de R$ 3,79 bilhões, com avanço de 26,8% ante o segundo trimestre. O índice de eficiência do BB, relação entre despesas administrativas e receitas de pessoal, melhorou 0,8 ponto percentual, para 41,6%. Coelho afirmou que, para 2016, as despesas do BB crescerão abaixo da inflação.

 

FONTE: VALOR ECONôMICO