O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central começa nesta terça-feira (18) uma reunião de dois dias para decidir a Selic, a taxa básica de juros do país.Esse será o sétimo encontro do Copom neste ano e a expectativa é de corte dos juros, o primeiro em quatro anos.
A taxa está em 14,25%ao ano desde julho do ano passado. Nasúltimas nove reuniões, o BC decidiu manter a Selic no mesmo nível, nomais longo períodode estabilidade desde 1999.
A última vez que houve corte na taxa de juros foi em outubro de 2012. A tendência é que a taxa volte a ter queda nesta semana, na opinião da maioria dos analistas de mercado consultados pelo BC para o Boletim Focuse também na avaliação deeconomistas consultados pela agência de notícias Reuters.
De acordo com pesquisa da Reuters, 46 de 50 economistas esperam que o BC diminua a taxa Selic. Apenas quatro acreditam que o BC manterá a taxa pela décima reunião seguida.
Tamanho do corte - Instituições financeiras consultadas pelo BC acreditam que a Selic cairá para 14% ao ano. Já os economistas ouvidos pela Reuters divergem: metade aposta em uma queda de 0,25 ponto percentual, para 14%, e a outra metade prevê corte de 0,50 ponto percentual, para 13,75%.
Segundo analistas, um corte de 0,25 ponto sinalizaria que o BC não tem pressa para reduzir os juros diante de uma inflação ainda alta e com a incerteza sobre a votação no Congresso de medidas para equilibrar as contas públicas.
Um corte maior sinalizaria que o BC se sente mais confortável com o cumprimento do centro da meta de inflação de 4,5% pela primeira vez nesta década.
Juros X Inflação - Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta émanter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 2 pontos, ou seja, podevariar entre 2,5% e 6,5%.
Ainflação mostrou desaceleração em setembro, mas ainda está bem acima desse limite máximo: chegou a8,48%em 12 meses, mostraram dados doIPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a desaceleração mais acentuada do que se esperava da inflação em setembro indica que o país "está voltando à normalidade".
Juros para o consumidor são mais altos - ASelicé a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial subiu em agosto e atingiu 321,1% ao ano, e os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 475,2% ao ano.
De acordo com a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a redução da taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,25 ponto percentual, como preveem alguns analistas do mercado financeiro, terá efeito pequeno nos juros do crédito ao consumidor e pode manter os fundos de renda fixa mais atraentes que apoupança.
O efeito da redução da Selic nas condições do crédito é pequeno, segundo a associação, porque "existe um deslocamento muito grande" entre a taxa básica e os juros cobrados dos consumidores.