Pela primeira vez desde março de 2012, o Banco Central prevê que a inflação acumulada em 12 meses poderá ser inferior à marca de 4,5%, objetivo perseguido pela instituição desde o início do governo do PT, em 2003, com poucos anos de sucesso.
Pelos cálculos da instituição apontados no Relatório Trimestral de Inflação de junho, divulgado ontem, o IPCA chegará a 4,2%, entre julho de 2017 e junho de 2018, considerando câmbio e taxa de juros inalterados. Foi essa informação no documento, aliada a um discurso austero sobre as contas públicas, que fez com que o mercado financeiro não abandonasse a expectativa de corte de juros ainda este ano.
Em menos de 15 dias, porém, o mesmo BC aumentou sua projeção para o ano que vem, de 4,5% para 4,7%. A elevação não foi recebida como uma guinada ou descontrole pelo mercado financeiro e a instituição ainda diz que vai cumprir a meta. Essa mudança, segundo o presidente do BC, Ilan Goldfajn, deu-se por causa do aumento dos preços dos alimentos neste ano.
Para cumprir seu objetivo no próximo ano, o BC aposta nos ajustes esperados para a economia, principalmente os fiscais. O tema permeou todo o documento e é visto como chave, por exemplo, para recolocar as expectativas de inflação na meta. Sobre o Produto Interno Bruto (PIB), o relatório prevê retração de 3,3%.