Após o resultado do terceiro trimestre vir acima das expectativas dos analistas, executivos do Bradesco comentaram sobre a concorrência com as fintechs e defenderam a tese de que o mercado não está enxergando corretamente o valor das suas iniciativas digitais.
Dono das plataformas next, Digio e Bitz, que somam aproximadamente 12 milhões de contas, o Bradesco busca usar cada vez mais os canais digitais para se posicionar nesse cenário de transformação da maneira como as pessoas se relacionam com os bancos.
O próprio exemplo do Nubank foi citado em teleconferência com investidores, pois a fintech pode chegar a US$ 50,6 bilhões em valor de mercado pela faixa de preço mais elevada da estreia na bolsa, previsto para o início de dezembro. Isso tornaria a instituição mais valiosa do que o Itaú, que é atualmente o maior banco privado do país com um valor de mercado próximo a R$ 38 bilhões.
Em teleconferência com investidores, Leandro Miranda, diretor de relações com investidores, e Carlos Firetti, diretor de relações com o mercado, afirmaram que a parte digital do negócio do banco está sendo subestimada pelos investidores. Segundo eles, o Bradesco concede mais crédito pelos seus canais digitais do que todas as fintechs reunidas - incluindo Nubank. No terceiro trimestre, foram R$ 30 bilhões.
Eles argumentaram que muitos dos novos competidores estão focados em crescer a base de clientes, e não expandir fortemente a carteira de crédito, e que este deve ser o cenário ainda por algum tempo. Os executivos afirmaram que o Bradesco está super bem posicionado para a competição, incluindo com as novidades trazidas pelo open banking, e que não deve perder participação de mercado. Ressaltaram ainda que o banco é especialista na concessão de crédito, diferentemente do que ocorre com a imensa maioria das fintechs, que não tem experiência nessa área.
Os analistas questionaram o fato de o Bradesco afirmar que empresas e famílias não estão muito alavancadas - tirando o crédito imobiliário - sendo que os dados do Banco Central mostram o endividamento da pessoa física em níveis recordes. Eles disseram que esses dados do BC não batem com o que veem na sua base de clientes e que metodologias diferentes de pesquisa podem explicar parte desse descasamento.
Sobre a área de seguros, que se recuperou rapidamente após o forte impacto da pandemia no segundo trimestre, Mirando e Firetti apontaram que a diminuição acentuada do descasamento entre IGPM e IPCA ajudou no resultado financeiro. Além disso, a diminuição da pandemia impacta os seguros de vida quase que imediatamente, enquanto o efeito em Saúde é um pouco mais demorado, até porque os clientes começaram a realizar mais procedimentos eletivos que estavam represados. No seguro auto, eles veem uma normalização total em 2022. E diante desse cenário, acreditam que a vertical de seguros deve ser um importante driver para os resultados do Bradesco no próximo ano.
Em relação à inadimplência, eles ressaltaram o que o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr, já tinha dito mais cedo que ela deve subir gradualmente nos próximos anos, mas ainda ficar abaixo dos níveis pré-pandemia, de cerca de 4,4%