O Bradesco registrou lucro líquido recorrente de R$ 4,3 bilhões no primeiro trimestre de 2023, o que corresponde a uma queda de 37,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (4).
O número veio acima da expectativa dos analistas de mercado, que projetavam lucro de R$ 3,5 bilhões. Em relação ao quarto trimestre do ano passado, o resultado representou uma forte alta de 168,3%.
De acordo com o banco, reduções no colchão de liquidez para se prevenir contra possíveis calotes e nas despesas com custos administrativos contribuíram para os resultados apresentados no primeiro quarto do ano.
A carteira de crédito do Bradesco encerrou março em R$ 879,28 bilhões, evolução de 5,4% em bases anuais e recuo de 1,4% na comparação trimestral. O resultado ficou abaixo do guidance divulgado pelo banco para o ano de 2023, que indica uma expansão da carteira entre 6,5% e 9,5% para o ano.
Segundo o banco da Cidade de Deus, em Osasco, o resultado da carteira de crédito refletiu o atual momento do ciclo de crédito, bem como o reposicionamento da política para modalidades de menor risco.
A carteira de crédito voltada às pessoas físicas atingiu R$ 365,3 bilhões, crescimento de 10,2% no ano contra ano e de 1,2% no trimestre. Entre os maiores crescimentos no segmento em bases anuais, destaque para cartão de crédito (22,4%), crédito rural (19,3%) e financiamento ao consumo (10,4%).
Entre as pessoas jurídicas, a carteira alcançou R$ 513,9 bilhões, alta de 2,2% em relação ao mesmo período de 2022, e queda de 3,2% em bases trimestrais. No segmento, o financiamento imobiliário teve expansão de 20,8% na comparação anual, enquanto o crédito rural avançou 18,5%.
Já o índice de inadimplência alcançou 5,1% ao final do trimestre, ante 3,2% em igual período de 2022 e 4,3% em dezembro passado.
"A inadimplência está concentrada no portfólio massificado de Pessoas Físicas, Micro e Pequenas Empresas, segmentos que naturalmente sofrem mais em cenários adversos de inflação persistente e juros altos", diz o banco em relatório.
No caso das pessoas físicas, a taxa de atrasos acima de 90 dias alcançou 6,3%, contra 4,4% no mesmo mês do ano anterior e 5,5% no trimestre passado.
Entre as micro, pequenas e médias empresas, o índice de inadimplência também subiu, para 6,2%, ante 3,6% há um ano e 5,3% em dezembro.
Já entre as grandes empresas, os atrasos ficaram em apenas 0,2%, contra 0,1% em março e dezembro de 2022.
A PDD (Provisão para Devedores Duvidosos), por sua vez, que indica as possíveis perdas que o banco poderá sofrer pela falta de pagamento de clientes inadimplentes, totalizou R$ 9,517 bilhões no primeiro trimestre do ano, crescimento de 96,8% em bases anuais, mas queda de 36% na margem.
No último trimestre de 2022, a PDD do Bradesco havia saltado mais de 100%, por conta das provisões relativas aos problemas envolvendo a varejista Americanas.
O ROAE (retorno anualizado sobre o patrimônio), indicador que mede a rentabilidade da operação, chegou a 10,6%, ante 18% em março de 2022 e 3,9% no quarto trimestre do ano passado.