Com a futura integração da HSBC Gestão pela Bradesco Asset Management (Bram), a gestora do Bradesco vai subir um degrau no ranking de gestão de recursos brasileiro e ultrapassar o Itaú Unibanco, ficando com o segundo lugar. Mas de acordo com a Fitch Ratings tal movimentação não deve trazer alterações consideráveis no panorama competitivo da indústria de fundos local.
Segundo relatório da agência de classificação de risco de crédito, as instituições têm competências complementares que podem contribuir para sinergias positivas. O HSBC traz como legado uma plataforma global e a oferta de ativos no exterior, enquanto o Bradesco é reconhecido pela boa gestão de carteiras de ações. A expectativa da Fitch é que a junção das estruturas resulte numa oferta mais ampla de fundos multimercados.
A Bram é hoje a terceira maior gestora de ativos no Brasil, com R$ 432 bilhões sob seu guarda-chuva e participação de mercado de 13,8%. A HSBC Gestão é o sétimo maior competidor do segmento, com R$ 80 bilhões e uma fatia de mercado de 2,6% em abril, de acordo com dados da Associação Brasileira de Entidades Financeiras e Mercado de Capitais (Anbima). O Itaú ocupava então o segundo lugar, com R$ 487 bilhões, enquanto o Banco do Brasil lidera o ranking com R$ 637 bilhões. A combinação de Bram e HSBC deve resultar numa parcela de cerca de 16,4% de mercado, e aproximadamente R$ 510 bilhões em recursos.
A HSBC Gestão, de acordo com a Fitch, é bem vista pela experiência de oferecer aos investidores de alta renda e private banking no Brasil modalidades de investimentos com exposição a ativos internacionais. Para a agência, o eventual aumento da demanda por opções no exterior seria uma adição importante para a diversificação de aplicações oferecidas pela Bram. A Fitch ainda nota que a divisão de gestão do HSBC conta com ampla gama de distribuição no segmento de fundos, o que seria benéfico ao banco brasileiro.
A integração das divisões faz parte da aquisição do HSBC Brasil pelo Bradesco, aprovada na quarta-feira pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), dez meses após o anúncio da venda das operações do grupo inglês no Brasil por US$ 5,2 bilhões. A transação engloba todas as áreas do banco britânico, como varejo, atacado, seguros e inclui a unidade de gestão de recursos.
"Além disso, a Bram se destaca no segmento de fundos de ações com bom desempenho e cobertura sólida do seu universo de investimento, o que poderia gerar oportunidades de vendas cruzadas para os clientes atuais da HSBC Gestão", escrevem os analistas da Fitch, equipe liderada por Alexandre Yamashiro.
A agência ressalva que a combinação das atividades de gestão de recursos de Bradesco e HSBC contempla alguns desafios, incluindo a preservação dos processos de investimento durante a transição e a retenção de clientes. A integração das culturas também será uma etapa a ser vencida, com provável mudanças nas equipes.