Os empresários brasileiros do ramo imobiliário estão mais pessimistas do que seus pares em outros países da América Latina, na ressaca de uma crise que derrubou o mercado de imóveis no Brasil em 2015 e 2016.
É o que aponta pesquisa do GRI Club com 340 atores —construtoras, incorporadoras, bancos de fomento, consultorias, advogados, entre outros— do setor no Brasil, Chile, México, Peru, na Argentina e na Colômbia.
O Brasil é o único desses países em que há empresários que consideraram regular (7,95%) ou péssima (0,66%) a expectativa de resultados de sua empresa nos próximos 12 meses.
A maioria (54,3%), no entanto, tem projeções boas, e 7,28% acham que os resultados serão excelentes.
Os mais otimistas são os mexicanos: 70,59% veem boas perspectivas, e 11,76%, excelentes.
Em 2017, as vendas de imóveis residenciais no Brasil voltaram a crescer (6,1%) impulsionadas por unidades populares, que avançaram 28,1%, de acordo com dados da Abrainc (associação de incorporadoras imobiliárias).
“O segmento popular vai bem porque há um déficit habitacional muito grande”, afirma Luiz Antônio França, presidente da associação.
Investimentos - O Brasil é também o país em que mais empresários (7,24%) afirmaram que estão fazendo desinvestimentos e reduzindo o nível de negócios no contexto atual. Mais de 29% dos entrevistados brasileiros disseram que observam o mercado para tomar decisões.
As empresas estão investindo e ampliando seus negócios mais no México (76,47%). No Brasil, 63,16% dos entrevistados afirmaram que estão realizando investimentos.
Segundo Gustavo Favaron, presidente do GRI Club (espécie de clube global de líderes do setor imobiliário), há uma atmosfera favorável para os negócios na América Latina.
“A região desperta hoje muito interesse tanto dos players locais quanto internacionais, embora todos estejam atentos às mudanças que podem acontecer ao longo deste ano com as eleições em diversos países”, afirma.
Para França, da Abrainc, o mercado brasileiro só vai voltar a andar com segurança quando for resolvida a questão dos distratos (cancelamento da compra do imóvel). Sem consenso legal, entidades da indústria da construção e de direito do consumidor divergem sobre em quanto e até se as construtoras devem restituir o comprador nesses casos.
“Os distratos em relação às vendas estão em 42%, é insustentável. O empresariado não consegue investir em uma venda que ele não sabe se vai se concretizar”, diz França.