Apesar do agravamento da pandemia, os brasileiros aumentaram em dez vezes a procura por um imóvel, na comparação entre março de 2021 e de 2020, de acordo com levantamento feito pelo DataZAP, do ZAP+.
Quatro em cada dez brasileiros afirmaram que sua busca por uma nova casa aumentou, segundo o estudo feito com 2.224 usuários dos sites. Em março de 2020, a proporção era quatro em cada cem.
Para Edivaldo Constantino, economista do DataZAP, a demanda reprimida por habitação no país, aliada aos juros baixos para financiamento imobiliário, contribuiu para essa intensificação.
“Os juros brasileiros atingiram o menor patamar da história, e mesmo com a recente tendência de alta da Selic [que subiu de 2,75 para 3,5% ao ano], a tendência é que ela permaneça em patamar baixo, sem ameaçar o dinamismo do mercado”, afirma.
Apesar do aumento da Selic, as taxas do financiamento imobiliário se mantiveram em 6,9%, em média, e houve recorde no volume de dinheiro liberado para essas operações, de R$ 43,1 bilhões, segundo a Abecip (associação de entidades de crédito imobiliário).
Segundo Constantino, as condições de compra podem mudar mais para o final do ano e em 2022, já que o risco fiscal do país pode influenciar a taxa de juros.
Outro componente que preocupa é a inflação dos insumos da construção civil, que em março chegou a 11,95%, contando os últimos 12 meses. “Fica mais difícil para as incorporadoras conseguirem margem de lucro, o que pode influenciar a dinâmica de lançamento de novos imóveis, mas temos elementos para dizer que o mercado tende a permanecer com vigor e dinamismo ao longo de 2021”, afirma.
A pesquisa também captou as características que os brasileiros consideram como mais importantes nos imóveis que procuram. Como resultado do maior tempo passado dentro das residências por causa da pandemia, foi considerado como importante ou muito importante que os imóveis sejam maiores (52%) e tenham ambientes bem divididos (62%), vista desimpedida (61%), varanda (60%) e mais dormitórios (49%).
Ser uma casa é algo considerado importante ou muito importante por 45% dos entrevistados, contra 38% na terceira edição da pesquisa, feita entre maio e junho de 2020.
Diminuiu a parcela de pessoas que acham importante o imóvel ficar perto do local de trabalho, que passou de 44% em março de 2020 para 38% no mesmo mês deste ano.
Ainda assim, a preferência por residências que tenham vizinhança com mais comércio e serviços permaneceu alta (65%) na pesquisa mais recente.
Para Constantino, isso aponta que é cedo para considerar que imóveis compactos, como os estúdios, estejam caindo fora do gosto do consumidor. Apesar de serem pequenos, eles tendem a ser construídos em regiões mais centrais, com acesso a transportes e serviços.
“O charme dessa tipologia é a localização, e se você pensar que quem vai usar o imóvel é um estudante que vem pra faculdade ou um trabalhador que se divide entre cidades, há ainda uma demanda para atender”, afirma.
Os compactos também são muito procurados por investidores, que se multiplicaram no mercado imobiliário no último ano, pelas condições econômicas. “A chegada de investidores no mercado de imóveis residenciais mostra que a demanda permanece aquecida e que esses compactos não vão perder força no futuro”, afirma.
A pesquisa mostra ainda que um espaço para fazer home office dentro de casa é considerado importante ou muito importante para 58% dos entrevistados, enquanto ter um local específico para trabalhar nas áreas comuns do condomínio é visto como interessante para apenas 19% das pessoas.
Há ainda uma relação entre a renda e a relevância de ter um escritório em casa. Entre as pessoas que tiveram sua renda afetada positivamente pela pandemia, 39% consideram esse item muito importante. Já entre aqueles que tiveram a renda impactada de forma negativa, o índice cai para 29%.