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05/03/2020

Brasileiros usam R$ 20,4 bi do FGTS para comprar casa própria em 2019

Caixa Econômica Federal afirma que foram registrados 2,6 milhões de saques do Fundo no ano passado para esta finalidade

Wagner Mauricio Miranda Gras usou o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para a compra da casa própria. Esta é uma forma comum de usar o recurso e, em 2019, Caixa Econômica Federal registrou 2,6 milhões de saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para compra da casa própria, segundo dados enviados a pedido do R7. Os saques totalizaram R$ 20,4 bilhões no período.

Entre 2014 e 2018, foram feitos 10,3 milhões de saques para habitação, o que corresponde R$ 73,3 bilhões.

 

No caso de Wagner, o FGTS foi uma boa escolha, já que pode abater o valor das parcelas do consórcio imobiliário que comprou. Como não tinha perspectiva de precisar do fundo, já que estava estável no emprego, não pensou duas vezes na hora de solicitar o dinheiro. 

Quem, assim como Wagner, tiver saldo no FGTS, pode usar a quantia para a compra de imóveis e construção, para quitar totalmente ou parcialmente a dívida em financiamento no âmbito do SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e diminuir em até 80% o valor das prestações em 12 meses consecutivos.

 

Após checar o saldo disponível, o interessado deve reunir a documentação necessária e entregar em uma agência da Caixa ou correspondente Caixa Aqui. A partir deste momento, os papeis serão avaliados pelo banco, que pode ou não autorizar o uso do saldo do FGTS para a compra. 

Alguns documentos necessários para a transação são identidade oficial, extrato da conta vinculada ao FGTS, carteira de trabalho e declaração do imposto de renda.

 

Critérios da Caixa para uso do FGTS

 

Como usar

• Compra de imóveis e contrução: saldo pode ser usado na hora da contratação, como entrada de financiamento, que pode ser o valor todo ou uma parcela da dívida;

• Amortização ou liquidação do saldo devedor: saldo pode ser usado para quitar totalmente ou parcialmente a dívida restante;

• Pagamento de parte do valor das prestações: é possível usar o FGTS para reduzir o valor das prestações em até 80% por 12 meses consecutivos.

Características do imóvel

Segundo a Caixa, o FGTS pode ser usado para imóveis de até R$ 1,5 milhão em todos os estados brasileiros que serão destinados à moradia principal do comprador. A regra também determina que o FGTS não pode ter sido usado anteriormente para compra de imóvel há pelo menos três anos, ser residencial urbano, entre outras.

O FGTS não pode ser usado para imóvel comercial, reformas ou aumentar o imóvel, comprar terrenos sem construção ao mesmo tempo, comprar material de construção, compra para familiares, dependentes ou outras pessoas. 

O professor dos MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas) Ricardo Teixeira afirma que o FGTS é uma boa escolha em praticamente todos os casos, já que “você tem uma remuneração baixa, do ponto de vista de juros [na conta do FGTS]. Se você vai deixar de pagar juros [na compra do imóvel], é mais que valido”. 

Hoje, a Caixa paga 3% ao ano para os brasileiros com saldo no Fundo. A poupança, por exemplo, que é um dos produtos financeiros com menor rentabilidade, pagou juros de 4,26% ao ano (2019). 

 

No entanto, Teixeira ressalta que o consumidor precisa prestar atenção na hora da compra para não desperdiçar dinheiro. Algumas dicas para comprar um bom imóvel são:

• Apostar em áreas valorizadas da cidade. O mercado imobiliário está aquecendo novamente e, ao analisar áreas que eram bem cotadas em um passado não tão distante, a tendência natural é que voltem a ter bons resultados;

• Reformar. Esta pode ser uma forma de valorizar ainda mais o valor do imóvel, desde que o comprador tenha dinheiro suficiente para se endividar;

• Apostar em áreas que devem ser valorizadas. Para fazer isto, é importante que o comprador avalie o plano diretor da cidade em que mora. Neste caso, provavelmente será possível encontrar uma boa oportunidade por um preço baixo e revendê-la por mais caro em alguns anos. 

 

FGTS em consórcios

O consórcio é uma modalidade adotada por alguns brasileiros para a compra de bens de maior valor, como carros e imóveis. Quando a carta for focada na casa própria, o cliente pode utilizar o saldo do FGTS para dar o lance inicial, amortizar ou quitar parcelas.

A coordenadora de produtos consórcios da Sicredi, Raquel Goetz, explica que o dinheiro pode ser usado para acelerar a contemplação do consórcio por meio do lance inicial — quem dá o maior valor leva a carta e, com isso, pode dar entrada no imóvel — ou é possível abater um valor das parcelas mensais e, neste caso, recebe a carta quando for sorteado.

Goetz afirma que, em 2019, 4.019 consorciados usaram o FGTS para pagar a carta de crédito, totalizando R$ 197 milhões. No Sicredi, cerca de 7% dos lances foram dados com valores do FGTS, totalizando R$ 8 milhões no ano. A maioria dos casos usam o recurso para aquisição, enquanto apenas 10% para construção.

FONTE: R7