Com resultado forte em quase todas as frentes de negócios, o BTG Pactual teve lucro líquido ajustado de R$ 1,794 bilhão no terceiro trimestre, resultado 76,57% superior ao do mesmo período do ano passado. Na comparação com o segundo trimestre, a alta foi de 4,36%. Comissões de banco de investimentos, ganhos com trading e crédito impulsionaram os números.
A receita somou R$ 3,845 bilhões, com expansão de 1,96% na base trimestral e de 55,17% na comparação anual. Além do crescimento das operações, a venda de uma fatia de 40% da CredPago, fintech do setor imobiliário, para a Loft, ajudou a engordar o resultado. Foram reconhecidos no período R$ 500 milhões do R$ 1,4 bilhão envolvido no negócio.
Forte concorrente do BTG, a XP anunciou na semana passada um lucro ajustado de R$ 1,039 bilhão. São negócios de naturezas diferentes, mas frequentemente alvos de comparação, já que uma instituição vem avançando no terreno da outra.
Ambas, porém, apontaram uma tendência em comum: a desaceleração da captação líquida de clientes no terceiro trimestre. No BTG, o chamado “net new money” ficou em R$ 88 bilhões entre julho e setembro - número forte, mas inferior aos R$ 98 bilhões registrados no segundo trimestre. Na XP, o volume passou de R$ 75 bilhões para R$ 37 bilhões, antes de ajustes.
O vice-presidente financeiro do BTG Pactual, João Dantas, afirmou que em ambientes de mais incerteza é natural o investidor hesitar na tomada de decisão, então a captação desacelera. Porém, ele disse que, desconsiderando a consolidação da corretora Necton, a captação teria crescido R$ 2 bilhões. O total de ativos sob custódia chegou a R$ 941,9 bilhões.
“Temos um ambiente de mais incerteza, todos os indicadores mostram isso, bolsa, juros, câmbio, é factual. Não estou estimando um aumento de preocupação de ninguém. Então, é natural que o investidor hesite na tomada de decisão, um pouco do fluxo de migração desacelere, porém essa migração [para produtos mais sofisticados] continua”, afirmou Dantas.
Analistas fizeram uma leitura positiva do balanço. Segundo o Goldman Sachs, os números foram bons, com destaque para o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 20,1% entre julho e setembro, pouco abaixo dos 21% do segundo trimestre, mas bem acima dos 15,7% do terceiro trimestre de 2020. No entanto, isso não foi suficiente para impedir uma queda de 4,18% nas units do banco, que encerraram o dia cotadas a R$ 22,94, enquanto o Ibovespa subiu 0,72%. Os papéis começaram a recuar no fim da manhã, enquanto executivos do BTG falavam em conferência.
O presidente do BTG, Roberto Sallouti, disse a analistas não ver o banco de investimentos voltando a níveis de 2017-18 no curto prazo. De acordo com o executivo, a composição de receitas da área será diferente em 2022 por causa do ambiente macroeconômico. “Esperamos estabilidade ou queda marginal no ano que vem”, afirmou.
No terceiro trimestre, as receitas do banco de investimentos do BTG ficaram em R$ 727 milhões, o que representa um crescimento de 81% frente ao terceiro trimestre de 2020. Já nos primeiros nove meses deste ano, a área acumulou R$ 1,89 bilhão em receita, valor 42,43% superior ao registrado ao longo de todo o ano passado.
A área de crédito também é vista com cuidado. Segundo Dantas, o portfólio deve seguir crescendo, mas de maneira mais lenta. A carteira de crédito, que envolve operações de atacado e do segmento de pequenas e médias empresas avançou 43% em um ano, chegando a R$ 97,6 bilhões em setembro. As operações com PME ficaram estáveis, o que foi atribuído ao atraso na implementação do sistema de registro de recebíveis de cartões.
Dantas ressaltou, por outro lado, que o spread tem se mantido nos últimos trimestres e que o nível de provisões está “adequado dada a qualidade do portfólio”.
O BTG teve um salto de 51% nas despesas operacionais, que chegaram a R$ 1,637 bilhão no terceiro trimestre, impulsionadas por maiores gastos com pagamento de bônus e salários, amortização de ágio e itens relacionados a investimentos em tecnologia