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22/02/2019

BTG lança criptoativo com lastro em imóveis recuperados

Uma das primeiras emissões de criptoativo por um banco no mundo vem do Brasil

Uma das primeiras emissões de criptoativo por um banco no mundo vem do Brasil. Mais especificamente do BTG Pactual, que lançou, junto com seu braço de recuperação de crédito Enforce, um "token" securitizado - ou seja, com lastro em imóveis recuperados. A oferta do criptoativo, batizado de ReitBZ (lê-se: "ritibis"), vai ficar no ar por 90 dias ou até atingir o valor máximo definido para a captação, de US$ 15 milhões.

De acordo com André Portilho, sócio do banco responsável pelo projeto, serão emitidos 1,5 milhão de tokens baseados na tecnologia blockchain do Ethereum. Cada token terá valor de US$ 10 na oferta primária.

O banco também se comprometeu a ser um "market maker", ou seja, um fomentador do mercado secundário dos tokens imobiliários. "A ideia é dar uma opção de liquidez para os criptoativos", pondera Portilho.

Conforme o banco, o token vai permitir a pessoas de diferentes partes do mundo investir em propriedades brasileiras "por meio de uma estrutura de baixo custo e de eficiência tributária".

A emissão não está disponível ao público brasileiro. O motivo é simples. "Uma oferta desse tipo tem de seguir todo um processo regulatório, o que demandaria tempo, mas queríamos fazer essa emissão mais rapidamente e optamos por testar o mercado internacional", afirma Portilho. A mesma lógica vale para os EUA, "onde também teríamos de fazer um processo com o regulador, que tomaria mais tempo".

"A tecnologia associada com a oferta vai nos permitir ser pioneiros [globais] em oferecer acesso a classes de ativos que, historicamente, são difíceis de acessar pelos investidores de varejo", afirmou Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, em nota.

O ReitBZ terá uma dinâmica de funcionamento que pode ser comparada ao de um fundo imobiliário ativo. Conforme o sócio do BTG, o valor captado será usado para adquirir uma carteira de imóveis recuperados em São Paulo e Rio de Janeiro, com desconto em relação aos valores de mercado. As propriedades, após o desembaraçamento, serão vendidas. Os recursos obtidos serão reinvestidos na compra de novos imóveis e parte do lucro será distribuído como dividendos aos detentores dos tokens.

"O ReitBZ não tem prazo de validade, mas podemos num futuro liquidar e devolver os recursos para os 'token holders', se o ciclo imobiliário voltar a ficar desfavorável", afirma Portilho.

"A ideia é que seja uma emissão perpétua, ou seja, vamos estar o tempo inteiro trazendo mais ativos e distribuindo os dividendos", diz Gustavo Roxo, executivo-chefe de tecnologia do BTG Pactual. "Escolhemos imóveis por ser um ativo que a gente conhece bem e é um investimento comum e fácil de entender no mundo inteiro", diz Roxo. "Mas, no limite, a tecnologia permite oferecer uma gama de ativos e classe de ativos quase ilimitada."

A previsão do BTG é que novas ofertas sejam feitas no futuro, inclusive algumas disponíveis aos investidores brasileiros, após seguir os trâmites da regulação. "Como esse é um tipo de ativo que devemos manter no longo prazo, a expectativa é que devemos oferecer no Brasil e EUA também [ao longo do tempo]."

De acordo com Portilho, a emissão está sendo oferecida no exterior por meio de parceiros nas áreas de private banking e wealth. "A gente vem fazendo mídia e parcerias com canais especializados no mundo cripto."

O BTG Pactual tem ainda a colaboração da Gemini Trust Company para utilizar o Gemini Dollar, uma criptomoeda regularizada e lastreada em dólar, para receber os investimentos e distribuir os dividendos. O Gemini Dollar é uma "stablecoin" - em outras palavras, uma versão "tokenizada" do dólar. Devido a suas características, não sofre os efeitos da volatilidade atrelada às criptomoedas, como o bitcoin.

FONTE: VALOR ECONôMICO